Germinação

Por Camila Pereira Carvalho

Doutorado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente (Instituto de Botânica de São Paulo, 2017)
Mestrado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente (Instituto de Botânica de São Paulo, 2012)
Graduação em Biologia (UNITAU, 2006)

Categorias: Reino Plantae (plantas), Reprodução
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Uma semente madura possui em seu interior o embrião e substâncias nutritivas, que podem estar armazenadas no endosperma ou no cotilédone ou em ambos, dependendo da espécie. As plantas que apresentam dois cotilédones são classificadas em eudicotiledôneas, já que as que possuem apenas um são denominadas monocotiledôneas. Em extremidades opostas no embrião se encontram os meristemas apicais do caule e da raiz. A raiz embrionária é chamada de radícula, a qual apresenta uma grande capacidade de multiplicação, pode estar envolvida por um capuz protetor designada de coifa (Figura 1A). Na outra extremidade está situado o meristema apical do caule, conhecido como caulículo. A região localizada entre a radícula e o cotilédone é denominada hipocótilo (do grego hypo, abaixo, kotyledon, cotilédone), já a região superior, entre o cotilédone e o meristema apical do caulículo é chamada de epicótilo (do grego epi, acima) (Figura 1A). Nas gramíneas, um grupo de monocotiledôneas, o caulículo é envolto por uma bainha protetora designada coleóptilo (do grego koleos, lâmina, e ptilon, pena) (Figura 1B).

A germinação é a retomada do crescimento pelo embrião. Para tanto, determinados fatores devem ser atendidos, estando entre os principais a água, temperatura, oxigênio e luz. O início da germinação ocorre com a absorção de água pela semente, fenômeno físico denominado embebição. A embebição promove o aumento no volume da semente, o que ocasiona o rompimento do seu tegumento (casca), permitindo a entrada de oxigênio. Esse gás é essencial para a respiração das células embrionárias.

A primeira parte do embrião que emerge é a radícula, o que possibilita a fixação da planta em desenvolvimento no solo. A radícula logo se diferencia na raiz primária, a qual na maioria das monocotiledôneas se degenera e é substituída por raízes adventícias, que recebem essa denominação por derivarem de regiões caulinares da planta, não de outras raízes. Nas eudicotiledôneas, a raiz primária permanece e dela se originam as raízes laterais.

A forma pela qual o caule emerge da semente durante a germinação varia entre as espécies de plantas. No feijão, por exemplo, o hipocótilo se alonga e se torna encurvado, elevando-se como um “cotovelo”, denominado de gancho de germinação (Figura 1A). Esse gancho abre caminho entre as partículas do solo, protegendo a extremidade da planta. Ao alcançar a superfície do solo, o gancho estica e projeta os cotilédones, que se separam expondo a extremidade do embrião. Este tipo de germinação, na qual os cotilédones emergem do solo, é conhecido como epígea. Devido ao consumo das suas reservas, os cotilédones vão reduzindo de tamanho ao longo do processo de germinação e desenvolvimento da planta, até que finalmente caem. Este é o ponto de estabelecimento da planta, ou seja, quando esta não depende mais das reservas da semente para sua nutrição.

Nas sementes de milho, entretanto, não há a formação de um gancho de germinação (Figura 1B). Após a emergência da radícula, o coleóptilo se alonga até alcançar a superfície do solo. Através de uma abertura na sua extremidade, ocorre a emissão das primeiras folhas. Como o cotilédone permanece abaixo do nível do solo, essa germinação é classificada como hipógea.

Figura 1 – (A) Germinação epígea em sementes de feijão, uma eudicotiledônea. (B) Germinação hipógea em sementes de milho, uma monocotiledônea. Ilustrações: (A) Studio BKK. (B) Aeesha Norm / Shutterstock.com

Referência bibliográfica:

Raven, P.; Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 830 p.

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