Semente

Por Camila Pereira Carvalho

Doutorado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente (Instituto de Botânica de São Paulo, 2017)
Mestrado em Biodiversidade Vegetal e Meio Ambiente (Instituto de Botânica de São Paulo, 2012)
Graduação em Biologia (UNITAU, 2006)

Categorias: Reino Plantae (plantas), Reprodução
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A semente é constituída pelo embrião, um tecido de reserva nutritivo (geralmente o endosperma) e um envoltório protetor, denominado de tegumento ou casca. É a unidade reprodutiva das espermatófitas (gimnospermas e angiospermas), estando relacionada com a dispersão e sobrevivência das plantas. Uma grande variação no tamanho, forma, coloração e aspecto superficial ocorre nas sementes, sendo que essas características são de grande importância para sua identificação.

Variedade de sementes. Foto: Madlen / Shutterstock.com

A formação das sementes se inicia com a fecundação da oosfera, contida no óvulo. Nas gimnospermas, cujo nome significa “sementes nuas”, os óvulos, e posteriormente as sementes, não permanecem no interior de um carpelo (unidade do gineceu, estrutura reprodutiva feminina da flor), desenvolvendo-se sobre os esporofilos (folhas férteis, onde os esporos são produzidos), escamas ou estruturas correspondentes. O zigoto formado durante a fecundação torna-se o embrião, o qual está envolvido pelo endosperma, e o tegumento do óvulo dá origem ao tegumento da semente. Nas angiospermas ocorre um fenômeno denominado dupla fecundação: um dos gametas masculinos se une a oosfera, produzindo o zigoto, ao passo que o outro gameta se associa aos dois núcleos polares, formando o endosperma. O endosperma, um tecido de reserva, pode ser consumido antes ou após a semente estar madura, o que varia de acordo com a espécie.

O embrião é composto por uma raiz embrionária chamada de radícula, a qual apresenta uma grande capacidade de multiplicação (Figura 1). A radícula pode estar envolvida por um capuz protetor designado de coifa. Na outra extremidade está situado o meristema apical do caule, conhecido como caulículo. A região localizada entre a radícula e o cotilédone é denominada hipocótilo, já a região superior, entre o cotilédone e o meristema apical do caulículo é chamada de epicótilo. Nas gramíneas, o caulículo é envolto por uma bainha protetora designada coleóptilo. As plantas que apresentam dois cotilédones são classificadas em eudicotiledôneas, já que as que possuem apenas um são denominadas monocotiledôneas (Figura 1).

A consistência do endosperma e o tipo de substância estocada varia entre as plantas. Este tecido pode conter paredes finas, com as reservas como grãos de amido, proteínas e lipídios localizadas no seu interior. As substâncias nutritivas ainda podem ser acumuladas na parede do endosperma, a qual se torna espessada e com consistência córnea. O endosperma pode ser sulcado ou irregular, sendo denominado endosperma ruminado, uma característica relatada para cerca de 32 famílias de angiospermas.

Figura 1 – Estrutura de sementes de espécies do grupo das eudicotiledôneas e monocotiledôneas. Ilustração: Ellen Bronstayn / Shutterstock.com (adaptado)

Dispersão das sementes

A dispersão das sementes, ou seja, sua retirada da planta-mãe e deslocamento para outros lugares, possui uma grande importância no ciclo reprodutivo das plantas e na regeneração das comunidades naturais. Geralmente, as sementes apresentam características morfológicas relacionadas com o seu tipo de dispersão. Os agentes de dispersão podem ser abióticos (vento e água) ou bióticos (mamíferos, aves, répteis e insetos), estando associados a diversas síndromes de dispersão. A síndrome anemocórica, por exemplo, utiliza o vento para o transporte das sementes. Para tanto, essas sementes apresentam adaptações morfológicas que reduzem o seu peso, como alas membranosas, pelos longos e cerdas. Na hidrocoria, as sementes são adaptadas à dispersão pela água, contendo estruturas celulares retentoras de ar. A zoocoria é a dispersão realizada por animais, em que as sementes possuem tanto mecanismos para se prenderem aos animais, como ganchos, quanto produzem atrativos para o consumo por eles, como a polpa vistosa do fruto.

Leia também:

Referências bibliográficas:

Appezzato-da-Glória, B. & Carmello-Guerreiro, S.M. 2006. Anatomia Vegetal. 2ª ed. Viçosa: Ed. UFV, 438 p.

Ferreira, A. G. & Borghetti, F. 2004. Germinação – do básico ao aplicado. Porto Alegre: Artmed, 323 p.

Raven, P.; Evert, R.F. & Eichhorn, S.E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 830 p.

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