A principal característica das vertentes anarquistas é a contrariedade à existência de um governo obrigatório. Apesar disso, dentro das correntes de pensamento anárquico há uma grande variedade, o que torna essa filosofia uma das mais heterogêneas.
Entre as linhas existentes no anarquismo – todas seguindo a ideia de que a dominação e a autoridade são desnecessárias – há diferenças fundamentais no que se refere a temas como coletivismo, individualismo, emancipação, entre outros.
Segundo David Graeber, anarquista e antropólogo norte-americano, as vertentes marxistas geralmente levam o nome de seus fundadores – como no Lacanianismo, Maoismo e Leninismo. Entretanto, no caso do anarquismo, as linhas de pensamento emergem de princípios organizacionais, identidades em comum ou da forma prática, como no caso do anarcoindividualismo, do anarcossindicalismo e do anarcofeminismo.
Uma das vertentes anarquistas é o anarquismo filosófico, fundado por William Godwin e considerado um pensamento moderno. Piotr Kropotkin, um dos mais importantes pensadores políticos do anarquismo no final do século XIX, afirmou que Godwin foi um o pioneiro na formulação dos conceitos econômicos e políticos do anarquismo, por mais que em sua obra não especificasse nenhuma denominação.
Indicando que o Estado não tem legitimidade moral, o anarquismo filosófico indica que a obediência obrigatória ao Estado e as obrigações individuais não devem existir. Porém, Godwin não defende a revolução para a eliminação do Estado, já que o anarquismo filosófico baseia-se mais em atitudes individuais – como no anarquismo individualista.
Outra vertente do anarquismo é o anarcocapitalismo, também conhecido como libertarismo anarquista, anarquismo de livre mercado ou anarquismo de propriedade privada. Essa linha de pensamento anárquica constitui uma versão mais radical do anarquismo individualista e do liberalismo clássico. O anarcocapitalismo postula que todas as formas de governo – incluindo compreensões do Estado – são desnecessárias e prejudiciais, notavelmente as instituições estatais de segurança e jurídicas. Entre outros aspectos, defendem a liberdade de mercado e rejeitam controles do governo como regulamentações e impostos.
Já o anarcofeminismo opõe-se aos sistemas hierárquicos. No entanto, o foco de atenção das anarca-feministas é a desigualdade entre os sexos. Para elas, as mulheres são a classe que passou por maior exploração no sistema capitalista devido à reprodução e aos serviços domésticos, tarefas que nunca tiveram nenhuma remuneração. As anarca-feministas são contra o patriarcado – forma de dominação e exploração das mulheres, seu principal alvo de ativismo. Segundo este grupo, a diferença entre sexos é a maior barreira para que mulheres e homens da classe operária possam lutar pelos seus interesses em comum.
Fontes:
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. Dicionário de nomes, termos e conceitos históricos. 3a. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
http://www.anarquista.net/vertentes-do-anarquismo/
http://theanarchistlibrary.org/library/emile-armand-anarchist-individualism-and-amorous-comradeship
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/politica/vertentes-do-anarquismo/