Conforme a convenção gramatical, classifica-se como artigo definido as palavras a, o (com as variações para plural: as, os) e como artigo indefinido as palavras um, uma (com as variações para plural: uns, umas), reconhecidas por aparecerem na estrutura textual antepostas aos substantivos; ou seja, antecedem os nomes.
ATENÇÃO: Quanto à definição de artigo, vale ressaltar que: alguns gramáticos, como Evanildo Bechara (2009), por exemplo, denominam artigo autêntico apenas aqueles classificados como definidos (a, o, as, os), analisando as palavras “um, uma, uns, umas”, como semelhantes aos artigos, principalmente, por também funcionarem como adjunto do substantivo. Por esta semelhança as gramáticas em geral aproximam essas palavras tornando-as artigos indefinidos. Porém, diferem do artigo autêntico pela origem, tonicidade, comportamento no discurso, valor semântico e papeis gramaticais. Marcando, dessa forma, a diferença entre os termos que determinam o nome, daqueles que tornam o nome indeterminado dentro do contexto linguístico.
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Funções do artigo
1. Indicar que se refere a um termo identificado pelo interlocutor uma vez mencionado anteriormente no contexto oral ou escrito, ou ainda, por ser objeto de um conhecimento de experiência, como pode ser verificado nestes exemplos:
Exemplo: Maria da Fé é uma personagem da obra literária de titulo “Viva o Povo Brasileiro”de João Ubaldo Ribeiro. Trata-se de uma mulher forte, firme e solidária. A personagem compõe, juntamente com outros, uma história de formação do povo e da cultura do país; o Brasil.
Explicação: De acordo com o exemplificado acima, nota-se o artigo definido no gênero feminino “A” identificando o sujeito Maria da Fé, já citado anteriormente no texto. Em seguido o artigo definido no gênero masculino “o” referindo-se ao termo “Brasil” reconhecido pelos leitores e referido no título na palavra “brasileiro”.
2. Fazer referência a um elemento representante de um grupo ao qual não se fez menção anterior dentro do contexto comunicativo:
Exemplo: Um livro, dentre tantas outras possibilidades, exige uma narrativa ampla, com histórias atravessadas, que se misturem entre fatos e descrições. Refere-se a um modelo simples de elaboração de romance.
Explicação: o elemento “livro” não está referido anteriormente no texto, nem especificado. Um livro: O termo refere-se ao conjunto de possibilidades de livros, ou seja; o artigo é utilizado para se referir a um exemplo não determinado, bem como o segundo artigo no gênero feminino “uma” referindo-se à narrativa.
Na primeira função descrita o artigo é DEFINIDO; na segunda função é INDEFINIDO.
Citação:
“O artigo é um signo que exige a presença de outro (ou outros) com o qual se associa em sintagma: um signo dependente. Por outra parte, pertence ao tipo de signos que se agrupam em paradigmas ou inventários limitados, fechados: os signos morfológicos, cujos conteúdos – os morfemas- constituem o sistema gramatical, em oposição aos signos léxicos, caracterizados por constituírem inventários abertos, ilimitados” (E. Alarcos Llórach. El artículo em español.In To Honor Roman Jakobson; Essays on the Occasion of his Seventieth Birthday, I. The Hague-Paris, Mouton, 1967, p. 19).
Formas do artigo
São estas as formas simples do artigo:
Artigos definidos | Artigos indefinidos | |||
Singular | Plural | Singular | Plural | |
Masculino | o | os | um | uns |
Feminino | a | as | uma | umas |
Formas combinadas do artigo definido
O artigo definido pode combinar-se com as preposições “a, de, em e por”, resultando no quadro a seguir:
Preposições | Artigo definido | |||
O | A | OS | AS | |
A | Ao | À | Aos | Às |
De | Do | Da | Dos | Das |
Em | No | Na | Nos | Nas |
Por (per) | Pelo | Pela | Pelos | Pelas |
O caso da crase: O artigo definido feminino, quando vem precedido da preposição a, funde-se com ela, e tal fusão, denominada de crase, é representada na escrita por um acento sobre a vogal (à), dessa forma:
Exemplo:
Preposição que introduz o adjunto adverbial do verbo ir, somado ao artigo que determina o substantivo cidade, resulta no “a” com o acento de crase.
Vou a + a cidade = Vou à cidade
Ocorre a crase em outros casos, como por exemplo:
A redução sintática da expressão à moda de (à maneira de, ao estilo de):
O vestido da noiva era à francesa.
Observação: No português do Brasil não se distinguem, pela pronúncia, a vogal singela a do artigo ou da preposição daquela proveniente de crase. Por esta razão é importante atentar-se sempre na construção de determinada palavra com outras preposições para verificar se ela exige ou dispensa o artigo.
Formas combinadas do artigo indefinido
O artigo indefinido pode contrair-se com as preposições “em” e “de”, originando:
Num - Numa
Dum - Duma
Nuns - Numas
Duns - Dumas
Valores do artigo
A DETERMINAÇÃO: A determinação dos substantivos pode ser mais precisa, à medida que se passa do ARTIGO INDEFINIDO (um, uma) para o ARTIGO DEFINIDO (o, a) e, ainda se tornar mais específica se fizer uso do DEMONSTRATIVO (este, esta).
O artigo indefinido indica a espécie dos substantivos que são apresentados ao ouvinte. O artigo definido restringe a extensão do significado dos substantivos, individualiza-os, definindo-os. Se no mesmo caso aplicar-se o uso do pronome demonstrativo poderá limita ainda mais o sentido dos substantivos, podendo aparecer situados no espaço e no tempo.
Exemplificando:
Um aluno tirou boas notas no resultado final do semestre.
O aluno tirou boas notas no resultado final do semestre.
Este aluno tirou boas notas no resultado final do semestre.
Nesse sentido, observa-se que o artigo definido é um sinal de conhecimento prévio por parte dos interlocutores. O artigo indefinido coloca-se exatamente na contramão deste primeiro, demonstrando a falta de conhecimento e determinação do elemento ao qual ele se refere.
Em outras palavras; seja definido (o e suas variações a, os, as), seja indefinido (um e suas variações uma, uns, umas), O ARTIGO caracteriza-se por ser a palavra que introduz o substantivo indicando-lhe o gênero e o número. Por esta razão o artigo torna toda palavra que precede em substantivo.
Bibliografia:
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. – 37. ed. rev., ampl. e atual. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2009.
CASTILHO, Ataliba T. de. Nova gramática do português brasileiro. – 1. Ed., 4ª reimpressão – São Paulo: Contexto, 2016
CUNHA, Celso e CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português contemporâneo. – 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
CAMARA JR., Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis: Editora Vozes. 1977.