Os verbos são palavras que indicam ações, estados e fenômenos da natureza. É uma classe de palavras que pode variar em número, pessoa, modo, tempo, voz e aspecto.
Essas variações são chamadas de flexões, termo associado ao caráter flexível das palavras cuja forma depende da relação que estabelece com outras palavras na cadeia discursiva. Observe um exemplo:
- A moça falou com o namorado às 20h.
Na oração, a ação (verbo) realizada pela moça é “falou”. Entretanto, o nome original dessa ação, ou seja, a forma nominal (infinitivo) é “falar”. Perceba que o radical da palavra mantém-se o mesmo (fal-) mas a desinência foi alterada em razão da relação que o verbo estabelece com a pessoa do discurso (ela – a moça) e da marcação do tempo decorrido da ação (pretérito/passado).
Vejamos, então, cada uma das possibilidades de flexão verbal:
Conteúdo deste artigo
- Número
- Pessoa
- Modo
- Indicativo
- Subjuntivo
- Imperativo
- Tempo
- Emprego e sentido dos diferentes tempos verbais do modo Indicativo
- Presente
- Pretérito Perfeito
- Pretérito Imperfeito
- Pretérito-mais-que-perfeito
- Futuro do presente
- Futuro do Pretérito
- Emprego e sentido dos diferentes tempos verbais do modo Subjuntivo
- Presente
- Pretérito Imperfeito
- Futuro
- Emprego e sentido dos tempos verbais do modo Imperativo
Número
A flexão de número consiste na marcação da forma singular, quando o verbo faz referência a apenas um ser, e na marcação da forma plural, quando o verbo faz referência a mais de um ser.
Exemplos:
- Joana foi à praia. (singular – faz referência apenas a Joana)
- Joana e Carlos foram à praia. (plural – faz referência a dois seres: Joana e Carlos)
Pessoa
A flexão de pessoa consiste na relação estabelecida entre o verbo e a pessoa do discurso. Em Língua Portuguesa, as pessoas do discurso são ordenadas em 1ª , 2ª e 3ª pessoas do singular e 1ª , 2ª e 3ª pessoas do plural. Veja:
Singular:
- 1ª EU
- 2ª TU / VOCÊ
- 3ª ELE / ELA
Plural:
- 1ª NÓS
- 2ª VÓS / VOCÊS
- 3ª ELES / ELAS
Observe as relações entre o verbo e a pessoa do discurso:
- Eu comprei (falante) a cartolina que você me pediu (ouvinte).
Perceba que no enunciado aparecem de maneira explícita duas pessoas do discurso: o falante “Eu” (primeira pessoa do singular) e o ouvinte “você” (segunda pessoa do singular). Assim, a desinência verbal é alterada porque concorda com a pessoa do falante no discurso (eu): comprei.
- Ele (de quem se fala) saiu para trabalhar.
Note que o pronome “Ele” (terceira pessoa do singular) revela a pessoa de quem se fala.
- Quero comprar travesseiros novos para vocês.
Nesse enunciado é possível observar que a pessoa gramatical do falante aparece de maneira implícita no Verbo “Quero” (eu - primeira pessoa do singular) e de quem se fala aparece de maneira explícita “vocês” (terceira pessoa do plural).
Observe em outra oração que a pessoa do discurso está diretamente relacionada ao sujeito, já que é possível identificá-lo pela desinência expressa pelo verbo:
- Comprei (eu) uma bicicleta nova. (Quem comprou uma bicicleta nova?)
Quando perguntamos ao verbo sobre quem realiza a ação, sua desinência indica a primeira pessoa do discurso (Eu), o falante partícipe da ação (sujeito).
Modo
A flexão de modo consiste na indicação da atitude do falante com relação ao conteúdo do enunciado. As formas verbais podem ser manifestadas em três modos: Indicativo, Subjuntivo e Imperativo. Vejamos cada uma delas:
Indicativo
O modo Indicativo ocorre quando o conteúdo do enunciado é tomado como certo pelo falante. Esse modo expressa a certeza de que a ação ocorreu, ocorre ou ocorrerá, portanto, os verbos conjugados no modo Indicativo exprimem reais possibilidades de ocorrência da ação. Veja:
- As crianças almoçam e jantam todos os dias. Por isso são saudáveis.
Subjuntivo
O modo Subjuntivo ocorre quando o conteúdo do enunciado é tomado como duvidoso pelo falante. Esse modo indica menos certezas de que a ação ocorresse ou ocorra, portanto, os verbos conjugados no modo Subjuntivo exprimem dúvidas acerca das possibilidades de ocorrência da ação. São suposições, hipóteses. Veja:
- Espero que traga o material completo. Eu ficaria agradecida se conseguisse.
Imperativo
O modo Imperativo ocorre quando o conteúdo do enunciado expressa uma ordem, conselho, súplica, podendo ser afirmativo ou negativo. Por isso, esse modo não possui conjugação em primeira pessoa do singular, ou seja, para o sujeito “eu”, convencionalmente, há a substituição de “ele/ela”, “eles/elas” pelos pronomes de tratamento “você/vocês”. Veja:
- Faça sua parte, não deixe água parada. Lute por sua saúde!
Tempo
A flexão de tempo está relacionada ao momento da enunciação. De maneira geral, as ações podem acontecer em três momentos distintos: Presente (momento em que se fala), Passado/Pretérito (anterior ao momento em que se fala) ou Futuro (posterior ao momento em que se fala).
Emprego e sentido dos diferentes tempos verbais do modo Indicativo
Como você já sabe, o modo Indicativo expressa a certeza de que a ação ocorreu, ocorre ou ocorrerá. Veja em quais contextos os diferentes tempos verbais do modo Indicativo são empregados:
- Presente
- Pretérito Perfeito
- Pretérito Imperfeito
- Pretérito-mais-que-perfeito
- Futuro do presente
- Futuro do Pretérito
Presente
O tempo presente corresponde ao momento do evento e o momento da enunciação (fala), também é utilizado para expressar uma ação habitual e para fazer afirmações.
Exemplo: Denise costura muito bem.
Pretérito Perfeito
O tempo pretérito perfeito corresponde ao evento já concluído.
Exemplo: Denise costurou muito bem.
Pretérito Imperfeito
O tempo pretérito imperfeito corresponde ao evento não concluído, que se prolonga por algum tempo no passado.
Exemplo: Denise costurava muito bem.
Pretérito-mais-que-perfeito
O tempo pretérito-mais-que-perfeito corresponde a um evento ocorrido no passado, anterior a outro evento também ocorrido no passado.
Exemplo: Denise costurara muito bem quando jovem.
Futuro do presente
O tempo futuro indica que o evento é posterior ao momento da enunciação (fala). O futuro do presente refere-se a um evento futuro com relação ao momento presente.
Exemplo: Denise costurará muito bem.
Futuro do Pretérito
O tempo futuro do pretérito indica que um evento futuro pode ou não ocorrer relacionado a um evento passado.
Exemplo: Você não gostaria de um pouco de feijão?
Emprego e sentido dos diferentes tempos verbais do modo Subjuntivo
Como você já sabe, o modo Subjuntivo ocorre quando o conteúdo do enunciado é tomado como duvidoso pelo falante, indicando menos certezas de que a ação ocorra. De maneira geral, os verbos flexionados no modo Subjuntivo exprimem uma vontade ou sentimento do sujeito e, por esse motivo, a marcação de tempo não é tão precisa quanto as formas do modo Indicativo. Os tempos do modo Subjuntivo são sempre empregados em orações subordinadas, as quais mantêm uma relação de dependência modo-temporal com a oração principal.
Veja em quais contextos os diferentes tempos verbais do modo Subjuntivo são empregados:
- Presente
- Pretérito Imperfeito
- Futuro
Presente
O tempo presente do Subjuntivo é empregado em dois contextos:
- Associado ao tempo presente:
É uma honra para nós (Oração principal) que conheçam nossos produtos (Oração subordinada substantiva subjetiva).
- É: Tempo presente do Indicativo
- Conheçam: Tempo presente do Subjuntivo
- Associado ao tempo futuro:
Um dia, morarei à beira da praia, (Oração principal) mesmo que precise mudar alguns hábitos. (Oração subordinada adjetiva restritiva)
- Morarei: Tempo futuro do presente do modo Indicativo
- Precise mudar: Tempo presente do Subjuntivo
Pretérito Imperfeito
O tempo pretérito imperfeito do modo Subjuntivo poder ser associado a ações relacionadas a momentos do presente, do passado ou do futuro. Nesse caso, a noção de tempo é definida pela flexão verbal e pela possibilidade de realização da ação expressa pelo Subjuntivo em um momento determinado. O tempo pretérito imperfeito do Subjuntivo é empregado em três contextos:
1. Associado ao tempo presente:
Se os alunos tivessem estudado, (Oração subordinada adverbial condicional) tirariam boas notas nas provas. (Oração principal)
- Tivessem estudado: Tempo pretérito imperfeito do Subjuntivo
- Tirariam: Tempo futuro do pretérito do Indicativo
- Associado ao tempo passado:
Não havia um só livro de Machado de Assis (Oração principal) que ele não lesse. (Oração subordinada adjetiva restritiva)
- Havia: Tempo pretérito imperfeito do Indicativo
- Lesse: Tempo pretérito imperfeito do Subjuntivo
3. Associado ao tempo futuro
Talvez os insumos pudessem ser reaproveitados (Oração principal) se não causassem alergia. (Oração subordinada adverbial condicional)
- Pudessem ser: Locução verbal (sentido futuro)
- Causassem: Tempo pretérito imperfeito do Subjuntivo
Futuro
O tempo futuro do modo Subjuntivo é empregado para indicar uma eventualidade, uma possibilidade de ocorrência da ação em momento futuro.
Quando não tiver mais, (Oração subordinada adverbial temporal) você terá saudade. ( Oração principal)
Emprego e sentido dos tempos verbais do modo Imperativo
Como você já sabe, o modo Imperativo ocorre quando o conteúdo do enunciado expressa uma ordem, conselho, súplica e pode assumir duas formas:
- Afirmativa
- Negativa
Exemplo:
- Não fume aqui! (negativa)
- Faça sua parte! (afirmativa)
Negativa afirmativa
Aprenda mais sobre os verbos da Língua Portuguesa estudando sobre as vozes do verbo e sobre os aspectos verbais.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/flexoes-verbais/