Os verbos desempenham nas orações a função de predicado e entre as classes de palavras é a que apresenta maior número de variações, relacionadas a número, pessoa, modo, tempo, aspecto e voz.
Em se tratando das variações relativas aos modos verbais, elas designam determinada atitude do falante, a partir do que expressa o enunciado. Se o enunciado é tomado pelo falante como duvidoso, hipotético, incerto (em termos de probabilidade de ocorrência ou do momento da ocorrência), ou mesmo exprime um desejo, temos o chamado Modo Subjuntivo. Ele denota que uma ação é concebida como ligada à outra da qual depende, de modo expresso ou subentendido, estabelecendo, muitas vezes, uma relação condicional. É uma noção temporal imprecisa, que, quando empregada, está ligada à vontade, imaginação ou sentimento.
Veja alguns exemplos comparativos que demonstram a diferença de atitude contida nos empregos do indicativo e do subjuntivo:
(Afirmo que) ele trabalha (Presente - indicativo)
Duvido que ele trabalhe (Presente - subjuntivo)
(Afirmo que) ele trabalhava (Pretérito imperfeito – indicativo)
Duvido que ele trabalhasse (Pretérito imperfeito – subjuntivo)
(Afirmo que) ele trabalhou (ou tenha trabalhado) (Pretérito perfeito – indicativo)
Duvido que ele tenha trabalhado (Pretérito perfeito – subjuntivo)
Nota-se, a partir da observação dos exemplos, que as orações no modo indicativo expressam uma certeza, permitindo, inclusive, que se omita a partícula “afirmo que”, mantendo-se, entretanto, o valor de afirmação das orações. Nas orações no subjuntivo, porém, os elementos são indissociáveis (“duvido que” completa o sentido da oração). Desse modo, evidencia-se e reforça-se o caráter duvidoso da oração, expresso pelo modo subjuntivo.
O Subjuntivo empregado em orações absolutas, coordenadas ou principais pode exprimir:
- Desejo: Caiam todos os males do mundo!
- Concessão ou hipótese: Sejamos todos abençoados pelos deuses da abundância!
- Dúvida (precedido de talvez): A janela talvez se quebrasse e ferisse alguém, se atingida por aquela pedra.
- Ordem ou proibição: Que, a partir de hoje, não fiquem mais bebendo e cantando à soleira da minha porta!
- Indignação: Que raios o partam!
Normalmente, o subjuntivo é empregado em orações subordinadas. Quando em orações absolutas ou principais, envolve sempre a ação verbal de caráter afetivo, visando acentuar a vontade do indivíduo que fala.
Já em orações cuja relação sintática é de subordinação, encontramos outras possibilidades de uso, conforme vemos em alguns exemplos em destaque:
Oração subordinada substantiva:
Melhor será que nos aceitem naquela casa.
(Expressão de sentimento, apreciação)
Oração subordinada adjetiva:
Queremos um governo que se volte aos interesses da população, que ofereça melhores condições de vida.
(Expressão de fim, de consequência)
Oração subordinada adverbial concessiva:
Dizem que o mundo pertence aos espertos, embora desejem o fim da corrupção.
(Uso de embora, ainda que, mesmo que etc.)
Oração subordinada adverbial final:
Para que tudo retornasse à condição de prosperidade anterior, seriam necessários anos e já não estaríamos mais vivos.
(Uso de para que, a fim de que, porque etc.)
Bibliografia:
CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova Gramática do Português Contemporâneo. 6ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon, 2013. 800 p.
CEGALLA, D. P. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa. 48ª ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional. 2009. 696 p.