Paralelismo é a organização de ideias, coordenadas e equivalentes, em formas gramaticais (classe) ou semânticas (sentido). A ausência de Paralelismo nas orações pode ser observada quando são associadas palavras ou expressões diferentes quanto à forma (sintática) ou ao conteúdo (semântica), alterando a coesão e a produção de sentidos dos enunciados.
Nos textos literários, a quebra de paralelismo pode ser utilizada como estratégia linguística intencional do autor com o objetivo de potencializar os efeitos de sentidos das orações. Observe dois exemplos de quebra intencional de Paralelismo na obra “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis.
"Gastei trinta dias para ir do Rocio Grande ao coração de Marcela".
Nesse trecho da obra, Brás Cubas refere-se ao bairro Rocio Grande, uma localização geográfica. Por associação lógica, espera-se que sejam encadeadas ideias relacionadas à localização. Entretanto, isso não ocorre, pois “o coração de Marcela” não é uma localização geográfica.
"Marcela amou-me durante quinze dias e onze contos de réis".
A falta de simetria entre a contagem de dias e valores monetários é intencional, já que não é possível associar a passagem do tempo cronológico à contagem de valor monetário. Perceba que autor utiliza a falta de paralelismo para sinalizar, de maneira irônica, que Marcela o amava por interesse, que existia amor enquanto existia o dinheiro.
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Paralelismo sintático
Paralelismo sintático, ou Paralelismo gramatical, é um recurso de coesão textual que consiste no encadeamento de ideias entre orações com valores sintáticos semelhantes, atribuindo mais clareza e precisão ao enunciado.
Nesse sentido, o Paralelismo Sintático viabiliza a relação de coordenação entre as orações e destaca as semelhanças ou contrastes entre as palavras e expressões. Veja o exemplo:
- Quer queira, quer não, vamos sair bem cedo amanhã.
É possível observar que a relação de correspondência entre elementos de mesma estrutura sintática (quer) tornou o enunciado mais claro e objetivo, já que sem o paralelismo sintático seriam necessários dois períodos com duas orações cada:
- Se você quiser, nós vamos sair bem cedo amanhã. Se você não quiser sair bem cedo amanhã, nós vamos do mesmo jeito.
Observe outros exemplos de Paralelismo Sintático
- Pediu para que chegasse cedo e que trouxesse refrigerante.
- O temporal atingiu as casas dos bairros nobres e dos bairros periféricos.
- “Seja rico, seja pobre, o velhinho sempre vem”.
As relações de correspondência entre os termos de mesma estrutura ou função sintática dentro das orações, possíveis pelo paralelismo sintático, contribuem não apenas para objetivar os enunciados verbais, mas também, para a fluência de leitura .
Palavras e expressões que contribuem com o Paralelismo Sintático
- Primeiro... segundo...
- Não só... mas também...
- Isto é...
- Ou seja...
- Seja... seja...
- Quer... quer...
- Ora... ora...
- Por um lado... por outro...
- Não... nem...
- Tanto... quanto...
- Ou... ou...
- Quanto mais... mais...
- Quanto menos... menos...
Outras formas de Paralelismo
Paralelismo Semântico
Ocorre quando surge uma correspondência de sentidos entre as orações.
Exemplo: A seleção brasileira jogará com as seleções da Alemanha e da Argentina.
Paralelismo Morfológico
Ocorre quando as palavras que compõem a oração pertencem a mesma classe gramatical.
Exemplo: Proibido comer, beber, sujar. (Verbos)
Paralelismo Rítmico
Ocorre quando a oração é construída pela harmonia de ritmo constante entre sílabas e palavras de mesma classe gramatical. O paralelismo rítmico é utilizado frequentemente gêneros de textos literários, Letras de música e Poemas.
Exemplo: O gato miou, o pintinho piou, o pássaro cantou.
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