Na frase “Lá faz muito frio” não é possível determinar ou imaginar “alguém” praticando a ação de “fazer muito frio lá”. Podemos observar que a maioria das frases apresenta um sujeito, seja ele determinado ou indeterminado. Quando não podemos apontar ou imaginar um elemento a respeito do qual se afirma ou declara alguma coisa, temos uma oração sem sujeito ou sujeito inexistente.
Exemplificando:
Faz cinco meses que ela foi embora.
Chovia no Sul.
Houve muita confusão na fila da padaria.
São quatro horas da manhã.
Basta de reclamações!
Os verbos destacados: fazer, chover, haver, ser e bastar não cabem os pronomes “ele” ou “ela”, “eles” ou “elas” funcionando como sujeito. A esses verbos que não admitem sujeito, chamamos de verbos impessoais.
Principais verbos impessoais
São:
- Os verbos que denotam fenômenos atmosféricos ou cósmicos: chover, trovejar, anoitecer, nevar, fazer (frio, calor), etc.
Faz frio. - Os verbos haver e ser em orações sinônimas às construídas com existir:
Era uma vez uma menina loira que levava um cesto de frutas para sua avó. - Os verbos haver, fazer e ser nas indicações de tempo:
Era à hora da sobremesa.
OS VERBOS IMPESSOAIS SEMPRE APARECEM NA FORMA DE 3ª PESSOA DO SINGULAR
Desconhecendo-se a natureza impessoal dos verbos haver e fazer, é comum aparecerem erradamente na 3ª pessoa do plural, quando seguidos de substantivo no plural. Isto acontece porque o falante toma tais plurais como sujeito, quando, na realidade, não são: verbo impessoal não tem sujeito.
Adequado | Inadequado |
Houve enganos lamentáveis | Houveram enganos lamentáveis |
Haverá prêmios | Haverão prêmios |
Faz quinze dias | Fazem quinze dias |
Fazia duas semanas | Faziam duas semanas |
Também ficará no singular o verbo que, junto a haver e fazer, sirva de auxiliar:
Pode haver enganos entre a gente (e não podem haver).
Deverá fazer cinco meses de namoro (e não deverão fazer).
Observação: Na oração: "Margarida faz hoje quarenta anos", o verbo fazer não é impessoal. Seu sujeito é Margarida. Logo, pode ir ao plural em: Margarida e Antônio fazem quarenta anos.
É importante destacar que, fora de seu sentido normal, muitos verbos impessoais podem ser usados pessoalmente, vale dizer, constroem-se com sujeito.
Neste caso, a concordância se faz obrigatória:
Choveram bênçãos dos céus.
“No dia seguinte amanheci de cama”
Resumindo
- Nas frases com sujeito há sempre um elemento substituível por “ele” ou “ela, “eles” ou “elas”. Já nas frases sem sujeito os verbos são impessoais;
- Os verbos impessoais sempre aparecem na forma de 3ª pessoa do singular;
- É preciso observar o sentido do verbo no contexto em que está inserido. Nos usos não literais eles podem ser utilizados de modo pessoal, ou seja, possuem sujeito;
- As frases com sujeito podem apresentar-se com sujeito determinado ou indeterminado.
Bibliografia:
DE OLIVEIRA, Ubaldo Luiz. A estrutura sintática da frase. São Paulo, Selinunte editora, 1986.
BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. São Paulo, Nacional 1966.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/portugues/sujeito-inexistente/