Os Sambaquis são sítios arqueológicos construídos por populações litorâneas pré-históricas e seu estudo é considerado de grande importância para entender como as populações pré-históricas se organizavam nas mais diferentes formas. Por terem sido construídos próximos a locais de restinga, no litoral, os principais Sambaquis no Brasil se localizam entre as regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste. Sua estrutura é composta principalmente de conchas, moluscos e plantas rasteiras litorâneas.
Os mais antigos sambaquis brasileiros datam de cerca de 10 mil anos e as escavações arqueológicas indicam que não havia apenas uma única função para essas construções. Na região Sul estão localizados os maiores sambaquis do país, com até 30 metros de altura e 500 metros de comprimento. Verdadeiros marcos na paisagem litorânea, os Sambaquis auxiliam no entendimento da vida social e cotidiana pré-histórica.
Os povos sambaquianos
A palavra Sambaqui tem origem na palavra tupi “tambaqui”, que significa amontoado de conchas. Nestes montes, cada comunidade construía seus sambaquis de acordo com questões específicas, incluindo o descarte de materiais orgânicos como ossos de peixes e tubarões. Também são encontrados restos de fogueiras, facas, anzóis, arpões, moedores e machados pequenos. A presença de figuras geométricas, chamadas de zoólitos, em formatos de animais, confirma que as existências desses artefatos são evidências da presença de inteligência humana operante no momento em que foram pensados e fabricados.
Esses montes, que dão nome ao tipo de população que residia em cima deles, comprova que os habitantes pré-históricos eram pescadores e coletores, consumindo frutos do mar e utilizando de seus restos para a construção dessas estruturas que posteriormente serviriam de habitação por serem altas e secas naquele ambiente litorâneo. Em alguns sambaquis foram encontrados até mesmo restos de esqueletos humanos, o que demonstra que essas estruturas também eram utilizadas para fins de rituais funerários.
Por conta dos tamanhos, é considerado que esses povos tenham sido sedentários, uma vez que a construção de um sambaqui leva alguns anos até ser concluído. Outro fator que corrobora essa teoria é a densidade populacional confirmada nesse período. Estima-se que o número real de residências fixas seja maior que 90 por etnia em cada sambaqui. Também devemos levar em consideração que, por estarem no litoral, esses grupos foram os primeiros a terem contato direto com os colonizadores que chegaram à América. Com isso, o contato com o homem branco e suas doenças desconhecidas deve ser mencionado por ter sido um grande fator de extinção dessas populações.
Fisicamente, esses povos tinham uma média de altura entre 1,60m e 1,50, com expectativa de vida entre 30 e 35 anos. Com a parte superior desenvolvida, estudos apontam que eram bom nadadores e remadores de pequenas embarcações. Outro ponto importante se dá pela análise utilizando as arcadas dentárias encontradas nas escavações, uma vez que o tártaro presente ajuda a encontrar vestígios de amido, que auxilia no entendimento da dieta desses grupos, e pedaços de fibras ao utilizarem os dentes como forma de cortá-las.
Estudo dos Povos Sambaquis
A história dessas populações segue em constante investigação. Por englobar diversos fatores a serem analisados, são necessárias mais de uma área de pesquisa nas investigações, dentre elas os arqueólogos, historiadores, biólogos e geólogos fazem parte dos estudos envolvendo essas populações.
O trabalho se baseia em coleta de evidências, escavações, georreferenciamento e delimitação de sítios arqueológicos. A estratigrafia também é importante para entender as camadas de terras e os componentes orgânicos e inorgânicos encontrados. Depois do trabalho de campo, as evidências recolhidas são levadas para laboratórios para demais estudos.
Na década de 1990 houve uma ruptura com o que se conhecia dos povos sambaquieiros, trazendo novas interpretações para essas construções. Os Sambaquis são imprescindíveis para entender o passado e a evolução do homem e da sociedade, em especial nas Américas.
Referências:
DEBLASIS, Paulo et al. Sambaquis e paisagem: dinâmica natural e arqueologia regional no litoral do sul do Brasil. Arqueologia suramericana, v. 3, n. 1, p. 29-61, 2007.
OKUMURA, Mercedes. Populações Sambaquianas Costeiras: saúde e afinidades biológicas dentro de um contexto geográfico e temporal. Tempos Acadêmicos, n. 11, 2013.
SCHEEL-YBERT, Rita. Paleoambiente e paleoetnologia de populações sambaquieiras do sudeste do Estado do Rio de Janeiro. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, São Paulo, v. 9, p. 43-59, 1999.