A palavra professor origina-se no latim e deriva do termo professus, que significa “pessoa que declara em público”. O professor é, antes de tudo, alguém que sabe alguma coisa e ensina a alguém; contudo, as competências atribuídas ao exercício da profissão refletem os ideais de sociedade e de ser humano predominantes em cada período histórico, assim como as disputas e contradições presentes nos debates em torno dos objetivos da educação em cada época.
Se na Antiguidade a tradição disciplinar espartana foi umas das matrizes da educação medieval, os ideais democráticos da educação ateniense ganharam importância perante o Renascimento. É no período que se inicia com o Renascimento que emerge a figura de um tipo de professor erudito, detentor da verdade da ciência, e a concepção que toma o conhecimento como um campo sagrado e imutável, concepção responsável pela forma como ainda hoje o conhecimento é organizado para ser transmitido pela escola. Da herança deixada dessa época, ao professor são atribuídas competências que o qualificariam para o exercício da função: o domínio do conteúdo a ser ensinado, habilidade em manter a sala de aula disciplinada e autoridade no relacionamento com alunos.
Com a emergência e fortalecimento de sociedades democráticas, aos professores foi atribuída também a responsabilidade de formar pessoas cientes de seus direitos e deveres perante as leis. Nas sociedades contemporâneas o ofício do professor sofre reflexos dos problemas políticos, econômicos, sociais e culturais que mexem com as instituições, envolvem a formação humana e incidem na escola e na forma de organização da atividade docente. Uma característica marcante da profissão é a própria instabilidade que a permeia em razão de mudanças nas especificidades da ação docente, que face às transformações sociais exigem do profissional um repertório cada vez maior de conhecimentos frente às exigências do mundo globalizado.
Não há como negar que o fator distintivo da atividade docente que se mantém ao longo do tempo é o ato de ensinar. Contudo, a função de ensinar nos dias atuais já não pode ser definida pela atividade de transmitir conteúdos delimitados por disciplinas escolares. Ao analisar o saber docente na atualidade, Maurice Tardif afirma que são constituídos por saberes provenientes de várias fontes: curricular, oriundo de programas e manuais escolares; disciplinar, representado pelos conteúdos das disciplinas a serem ensinadas; profissional, proveniente da formação acadêmica; o saber da experiência, proveniente da prática docente; e o saber cultural, representado pelas experiências culturais e pela trajetória de vida.
A importância desse saber plural deve-se ao fato de que a missão do professor na atualidade envolve uma responsabilidade muito mais complexa, que é a de formar o educando em uma perspectiva integral, ou seja, social, afetiva e psicológica, tornando-o capaz de responder de forma crítica e autônoma aos desafios impostos por uma sociedade em constante transformação.
Bibliografia:
DONATO, Sueli Pereira. Representações Sociais do Ser Professor no Contexto Atual – Desafios, Incertezas e Possibilidades. IX Congresso Anual de Educação – EDUCERE. PUCPR, outubro de 2009. Disponível em: http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/2967_1481.pdf
MELO, Maria Julia e Carmo, Priscilla do. Profissão Professor: Pensando sobre os Elementos Constitutivos da Profissionalidade Docente. V Encontro de Pesquisa Educacional em Pernambuco. Fundação Joaquim Nabuco, 2014. Disponível em: http://www.fundaj.gov.br/images/stories/epepe/V_EPEPE/EIXO_4/MARIAJULIAMELO-CO04.pdf
TARDIF, Maurice. Saberes Docentes e Formação Profissional. Editora Vozes, 2012