Sigmund Freud

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Por Ana Lucia Santana

Sigmund Freud, nascido Sigmund Schlomo Freud, a 06 de maio de 1856, em Freiberg, na Moravia, tornou-se o fundador da Psicanálise. Era filho de um comerciante, Jacob Freud, e de sua segunda esposa, bem mais jovem, Amália Nathanson – a imagem materna influenciaria, mais tarde, muitos dos estudos de Freud. Alguns de seus irmãos, do primeiro matrimônio, eram aproximadamente vinte anos mais velhos que ele. Ao completar quatro anos, Freud mudou-se com a família para Viena. Formado pela Universidade de Viena, optou a princípio por Filosofia, campo que depois iluminaria sua produção teórica, decidindo-se depois pela Medicina, especializando-se em Fisiologia Nervosa.

Sigmund Freud, 1922. Foto: Max Halberstadt / via Wikimedia Commons

Sigmund Freud, 1922. Foto: Max Halberstadt / via Wikimedia Commons

Desde cedo Freud demonstrou uma certa obsessão pela sexualidade, o que se percebe na sua primeira pesquisa publicada, um estudo sobre órgãos sexuais de enguias - "Observações sobre a configuração e estrutura fina dos órgãos lobados das enguias descritos como testículos" -, trabalho realizado no Laboratório de Zoologia Marinha de Trieste, em 1876, viés que marcaria suas preocupações na teoria psicanalítica por ele criada posteriormente. Cabia a Freud nesta instituição estudar a anatomia e a histologia do cérebro do homem. É durante estas investigações que ele percebe elementos em comum entre a organização cerebral humana e a dos répteis. A partir daí Freud, recorrendo à teoria de Charles Darwin sobre a evolução das espécies, inicia o esboço de seu questionamento da supremacia do homem sobre outros animais.

Ao se apaixonar por Martha Bernays, desejando se casar com ela, seus escassos recursos monetários o levam a deixar o Laboratório e a trabalhar como médico interno no Hospital Geral de Viena, onde conhece Josef Breuer, especializado em moléstias nervosas, que lhe narra a história de uma paciente, Bertha Pappenheim - no prontuário médico “Fraulein Anna O.” –, que era considerada depressiva e hipocondríaca, distúrbios emocionais que naquele período eram conhecidos como ‘histeria’. Sob hipnose, ela revela a Breuer lembranças de sua infância, o que lhe provoca uma melhora emocional significativa após o transe. Este caso influencia intensamente as pesquisas de Freud, embora mais tarde ele abandone a hipnose ao descobrir o método da livre associação. Mas fica como herança para o pesquisador a ideia da cura pela fala e a reafirmação de sua crença nas motivações sexuais reprimidas, que provocariam os sintomas da histeria, embora Breuer não compartilhasse com Freud desta teoria de ordem sexual.

Após algumas tentativas de trabalhar com a cocaína para obter os efeitos terapêuticos desejados, Freud se decepciona e vai para a França, depois de obter uma licença do Hospital, e lá toma contato com Charcot, psiquiatra francês que trabalhava no Hospital Psiquiátrico de Saltpêtriére. Ele também estudava a histeria. Assim, o criador da psicanálise retorna para Viena mais animado e passa a atender pacientes portadoras deste quadro histérico, em grande parte senhoras judias ainda jovens. Este tratamento consistia de massagem, repouso e hipnose. Suas teorias e técnicas foram sempre muito controversas na Viena desta época e Freud foi marginalizado por seus colegas durante muito tempo. Seu único parceiro neste período é Wilhelm Fliess. O psicanalista inicia então uma pesquisa sobre os sonhos, que servem de base para seu livro “A Interpretação dos Sonhos”. Com o foco centrado em si mesmo, ele cria o conceito de Complexo de Édipo, recorrendo à mitologia e à própria experiência com a mãe, por quem supostamente ele seria apaixonado quando era criança, desenvolvendo assim pela figura paterna uma certa agressividade. Este ponto se torna o centro de sua teoria sobre as causas da neurose. A princípio suas publicações não têm grande repercussão, mas logo vários médicos tornam-se seus discípulos, entre eles Carl Jung, que mais tarde romperia com seu mestre.

Freud deixou para a Humanidade um grande legado, que engloba a revolução provocada pela descoberta do inconsciente, que ao lado das revelações de Copérnico e de Darwin – primeiro, o Homem descobre que a Terra não é o centro do Universo, depois toma ciência de que tem um ancestral comum com os macacos, portanto não é o centro da Natureza –, retira das mãos do indivíduo seu último trunfo, o Ego não reina mais soberano na mente, pois há um vasto território nela que ele desconhece, e sobre o qual não tem o controle absoluto. Ou seja, grande parte das ações humanas são coordenadas pelo inconsciente, uma esfera que o homem mal conhece.

Além de Breuer, Freud foi também influenciado por Platão e por Schopenhauer. Eles foram determinantes na criação da Psicanálise, teoria explicativa dos mecanismos que regem a mente do homem. Ela tem por objetivo explorar esse espaço tão pouco conhecido e assim tentar curar doenças de origem psíquica, sem causas orgânicas. Freud criou um método que tem por finalidade resgatar os traumas e choques sofridos em algum momento da vida, reprimidos no inconsciente. Através da verbalização, é possível trazer essas experiências à luz da consciência, possibilitando assim a cura. Freud mapeia a mente humana, criando as categorias de id, ego e superego.

Freud teve seis filhos, entre eles Anna Freud, que também se tornaria uma famosa psicanalista. Durante o Nazismo, Freud, por ser de origem judia, teve que fugir para a Inglaterra, mas quatro de suas irmãs não tiveram a mesma sorte e acabaram mortas em um campo de concentração. Freud morre no dia 23 de setembro de 1939, vítima de câncer na mandíbula, depois de ser submetido a trinta e três cirurgias. Há a possibilidade de ter morrido de uma overdose de morfina, supostamente aplicada pelo seu médico, a seu pedido, pois sentia dores excessivas.

Arquivado em: Biografias, Psicanálise
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