O conhecimento tácito pode ser compreendido como o conhecimento que provém da experiência do indivíduo. É obtido por processos internos do indivíduo quando submetido a situações que lhe proporcionam experiências inéditas, sendo tais experiências assimiladas através do conhecimento de natureza tácita que o indivíduo já carrega consigo. Um refinamento no conceito de conhecimento tácito indica, portanto, que ele pode ser concebido como um conhecimento pessoal e contextual que, por estar atrelado à experiência do indivíduo, dificulta sua formalização e expressão através da linguagem.
A ideia de existência de um conhecimento proveniente da experiência foi proposta pelo filósofo Michael Polanyi e validada em 1966 através de sua obra The Tacit Dimension, na qual elaborou a estrutura do conhecer tácito, descrevendo detalhadamente a forma como o indivíduo adquire e utiliza os conhecimentos.
Ao afirmar que “Nós podemos saber mais do que podemos dizer” Polanyi estabelece o princípio fundamental do conhecimento tácito, considerando que todo conhecimento envolve a ação habilidosa do sujeito e utilizando o seu famoso exemplo do ato de aprender a andar de bicicleta para justificar seus argumentos. Segundo ele aprende-se a andar de bicicleta sem de fato saber como é possível fazê-lo, pois a física envolvida no ato de andar de bicicleta é complexa e mesmo assim não utilizamos esse conhecimento específico ao realizar esta atividade. Portanto, o que se caracteriza como tácito diz respeito à interiorização de uma habilidade que permite a realização de uma determinada tarefa ou atividade. O “como” sabemos mais do que podemos dizer traduz-se em habilidades que adquirimos sem poder explicar ou sequer perceber.
Desta forma, tal como Polanyi postula todo conhecimento começa a partir de um coeficiente tácito que não pode ser explicitado e nem orientado por regras passíveis de serem realizadas, pois é construído como resultado da combinação de informações, experiências, contextos, interpretações e reflexões.
Todavia, o conhecimento envolve múltiplos aspectos e configura-se como um emaranhado de significados que vamos construindo ao longo da vida, mas, ao contrário do que se denomina conhecimento explícito, o conhecimento tácito envolve uma dimensão que é pessoal, complexa, desenvolvida e interiorizada pelo indivíduo ao longo do tempo. Contudo, ao destacar a complexidade de comunicação do ser humano, observa-se que conhecimento tácito e conhecimento explícito são indissociáveis e se complementam, uma vez que se por um lado a dimensão tácita do conhecimento é desarticulada e permanece adormecida se não for estimulada, por outro lado a sua dimensão explícita quando isolada das compreensões tácitas perde seu significado. Logo a constituição do conhecimento, independentemente de suas dimensões, pressupõe a interação social e as experiências do sujeito na busca do equilíbrio entre suas dimensões tácitas e explícitas num processo de construção sem fim.
Bibliografia:
RIBEIRO, Rodrigo. Gestão do Conhecimento Tácito. Universidade Federal de Minas Gerais. Disponível em: http://pesquisas.dep.ufmg.br/gestaodotacito/conteudo/bibliografia/17_1.pdf
GRAEBIN, Rosani Elisabete et. al. Conhecimento Tácito: Revisitando o Conceito de Michael Polanyi. XVI Mostra de Iniciação Científica, Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão. Universidade Federal de Caxias do Sul. Fevereiro, 2017. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/mostraucsppga/xvimostrappga/paper/view/4827
RODRIGUES, Marcos Mazurek e GRAEML, Alexandre Reis. Conhecimento Tácito ou Explícito? A Dimensão Epistemológica do Conhecimento Organizacional na Pesquisa Brasileira sobre Gestão do Conhecimento. Perspectivas em Gestão & Conhecimento. Vol. 3, 2013. Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/pgc/article/view/16490