Piaget defendeu o desenvolvimento psicológico como único em suas dimensões ativas e cognitivas, pois para ele durante toda a vida de um individuo existe uma equivalência entre as construções afetivas e cognitivas. Ele articulou em relação á psicologia afetiva da criança e o estudo da inteligência os aspectos afetivos e intelectuais infantis ao julgamento moral, as reações rebeldes, a obediência e aos sentimentos de carinho e temor.
Para o autor a afetividade não se restringe somente as emoções e sentimentos, pois engloba também as tendências e as vontades da criança, ou seja, a afetividade assim como toda conduta visa a adaptação, pois o desequilíbrio reflete em uma impressão afetiva particular e a consciência de uma necessidade.
Para ele as noções de equilíbrio e desequilíbrio têm um significado essencial no ponto de vista afetivo e cognitivo, levando Piaget e refletir sobre os processos de assimilação e acomodação afetivas. Tendo a assimilação o interesse principal no “eu” e a compreensão do objeto como tal, e a acomodação é o interesse relativo e o ajuste dos esquemas do pensamento aos objetos.
Ressalta também, que a afetividade e a inteligência são de naturezas distintas, ou seja, a energética da conduta vem da afetividade e as estruturas vêm das funções cognitivas, e assim o campo total junta ao mesmo tempo o sujeito, as relações e os objetos, todos sendo fundamentais para que ocorram as condutas e as interações entre sujeitos e objetos.
Piaget defende a importância de diferenciar a predominância dos aspectos afetivos, ou seja, os interesses, dos aspectos negativos nos meios, as estruturas. Ele se opõe a dicotomia feita entre ação primaria e ação secundária, pois para ele as duas possuem aspectos afetivos e cognitivos.
Utilizou-se do termo esquemas afetivos para designar as construções equivalentes sobre os sentimentos iniciais da criança, diretamente ligados as satisfações de suas necessidades. Encontrou no conceito de “força vontade” uma função reguladora exposta para a construção do pensamento lógico.
A criança dos 2 aos 12 anos sofrem várias modificações no que diz respeito aos seus domínios de afetividade em conformidade com o desenvolvimento de sua cognição, ou seja, os valores os sentimento pessoais e inter-pessoais e as brincadeiras.
Por sua vez, até os 2 anos aproximadamente, todas as emoções e sentimentos do bebê são gerados em seu contato com a mãe e centrados no corpo da criança, e assim a medida que o corpo infantil se separa do corpo das outras pessoas a vida afetiva do bebê vai se descentralizando e se transferindo para os outros.
Portanto, o sentimento amor-afetividade construído primeiramente entre mãe e filho vai se generalizando aos outros, como ao pai, ao irmão e aos companheiros, havendo assim uma modificação ou acomodação aos fatos e situações passadas carregadas de emoções.
O processo de formação e enriquecimento afetivo da criança nos faz perceber que esse processo afetivo é continuo e inovador, onde a formação de sentimentos esta diretamente ligada aos valores e evolução da sociedade, ou seja, os sentimentos interindividuais são construídos com a cooperação do outro e os intra-individuais são elaborados coma a ajuda do outro, sendo a troca intrapessoal.
Referências:
ARANTES, Valeria Amorim (org.). Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 2003. (Coleção na escola: alternativas teóricas e práticas).
FARIA, Anália Rodrigues. O desenvolvimento da criança e do adolescente segundo Piaget. São Paulo: Ática, 1998.