Por Ana Lucia Santana
Costuma-se chamar uma pessoa aparentemente muito desequilibrada de ‘neurótica’, o que muitas vezes é interpretado de uma forma ofensiva, pois geralmente esta palavra tem a conotação de ‘loucura’. Mas, tecnicamente, a neurose não tem de forma alguma este significado. Ela é uma enfermidade de natureza emocional, também ligada à personalidade do indivíduo e ao seu universo afetivo. Diante de determinadas situações, todos nós temos reações emocionais, mas o neurótico as expressa de uma forma exagerada; assim passam a temer os contextos que lhe desencadeiam estes sentimentos, deixam de realizar algumas atividades, fogem dos eventos sociais, tem uma incidência maior de depressão, preocupam-se mais com tudo e com todos, sofrendo sempre por antecedência. Normalmente a pessoa tem consciência do seu estado alterado, mas não consegue encontrar uma saída para este problema.
A neurose está intrinsecamente ligada à personalidade do indivíduo, ele não se encontra temporariamente neurótico, ele costuma ser neurótico, é um traço de seu caráter. Ele apresenta, diante da vida, reações existenciais consideradas anormais, desiguais, desprovidas de uma causa visível. Entre os sintomas deste distúrbio psíquico, que não apresenta mutações físicas, nem a perda do senso de realidade ou da lucidez, ocupa um lugar destacado a angústia. Segundo os psicanalistas, a neurose é uma consequência de conflitos interiores entre impulsos e reações defensivas, embates que não logram o equilíbrio. Normalmente este transtorno começa a se manifestar após um evento emocional intenso, como a morte de alguém muito importante, a gravidez, a passagem para a adolescência, entre outros.
Distinguem-se três tipos de neuroses clínicas – a histérica, que apresenta um teor significativo de percepções, conceitos e afetividades, todos se manifestando no inconsciente, traduzindo-se em sintomas como câimbras, tremores, paralisia, problemas de audição, visão, paladar e olfato, náuseas, vômitos, entre outros; a fóbica, que envolve ansiedade extrema, no limite com o pânico, fobias simples, agorafobia e fobia social; obsessivo-compulsiva, com início em grande parte na adolescência ou no começo da fase adulta. Nesta as preocupações, determinadas imagens e palavras surgem na mente a despeito do desejo do indivíduo.
A psicoterapia é o tratamento mais eficaz para casos de neurose, pois auxilia o paciente a enfrentar seus fantasmas interiores, despertados por esse distúrbio. Há muito tempo atrás havia a crença de que a neurose não tinha cura e se transformava ao longo do tempo em uma enfermidade crônica. Mas hoje se sabe que ela pode ser tratada e o paciente tem muitas chances de se recuperar completamente. Para manter uma boa qualidade de vida, o paciente deve persistir na terapia, tomar os remédios adequados e auxiliar no próprio tratamento.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/psicologia/neurose/