Nostalgia

Por Ana Lucia Santana
Categorias: Psicologia
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Em nossos dias, é comum nos afligirmos diante da velocidade com que o tempo passa, cada vez mais acelerada. O presente escapa rapidamente à nossa percepção, e quando nos damos conta, décadas já se foram sem que percebêssemos. A nostalgia é um sentimento ainda mais vivo nestes momentos, pois transmite ao coração uma emoção semelhante à saudade de uma era que já passou.

Normalmente há uma atmosfera utópica e imaginária na nostalgia, algo mais próximo do que se gostaria que tivesse acontecido no tempo que se foi, como desejaríamos ter vivenciado determinadas experiências. Ela nasce justamente da incapacidade de retornarmos ao passado e de agir de forma diferente em diversas situações.

Foto: Pingun / Shutterstock.com

Esta expressão vem do grego nostos, ‘retorno para casa’, e de algia, ‘dor, aflição’, significando a doce dor que sentimos ao nos recordarmos daquilo que passou, da casa perdida para sempre.

Diferente da saudade, aquela emoção intensa e dolorosa, despertada pela ausência do ser amado, mas que desaparece assim que voltamos a encontrar esta pessoa, a nostalgia não cessa quando nos deparamos com alguém que estava distante de nós, mas sim se fortalece, pois nutre este sentimento de perda de uma época que não mais retornará.

No âmbito cultural, a nostalgia é também conhecida como retrofilia, e se refere à criação cultural de uma década, por exemplo, a nostalgia dos anos 80 – representando filmes, brinquedos, músicas, danças, entre outras produções -, geralmente direcionada para o público infantil e adolescente.

Logicamente, esta sensação de nostalgia se instaura posteriormente, após o fim deste período temporal. Ela se expressa através do hábito de colecionar antiguidades; da formação de grupos que cultuam determinada prática pertencente ao passado recente; pela realização de simpósios, conferências, debates, produções culturais – como os que, em 2008, marcaram a passagem dos 50 anos da Bossa Nova.

A psicologia vê nesta experiência nostálgica um meio de fugir das atribulações e responsabilidades diante do universo adulto, um fenômeno conhecido como escapismo. Às vezes essa prática ganha uma amplitude incomum, quando indivíduos ou grupos de pessoas passam a viver completamente no passado, como motoqueiros que passam a vida voltados para um estilo existencial anacrônico, fixados em comportamentos antigos, agindo como jovens rebeldes, apesar de já estarem na casa dos 50 ou 60 anos. Ou adultos que agem como adolescentes rebeldes, tanto na forma de se vestirem, quanto na esfera comportamental – vivendo como ‘hippies’, ‘punks’, ou adeptos de outras tribos. A nostalgia ganha então contornos psiquicamente conturbados.

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