Psicofarmacologia

Por Juliana Pires

Graduação em Farmácia e Bioquímica (Uninove, 2010)

Categorias: Farmacologia, Psicologia
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A psicofarmacologia é o ramo da farmácia que trata de substâncias conhecidas como psicotrópicas. As drogas psicotrópicas ou psicofármacos atuam de forma seletiva no sistema nervoso central (SNC), sendo também conhecidas como agentes psicoativos ou psicoterápicos. Desta forma, incluem nesta classe os fármacos que deprimem ou estimulam seletivamente as ações do SNC, que devido a tais propriedades, fizeram reduzir de forma considerável o número de internações em hospitais psiquiátricos.

Embora foram diversos os avanços observados na categoria dos psicofármacos, até o momento não se conhece de forma bem estabelecida os mecanismos que levam às patologias que afetam o SNC, e que causam os distúrbios mentais e emocionais. Desta forma, os fármacos pertencentes a esta classe tem como objetivo o tratamento dos sintomas, e não a cura em finito, já que os mecanismos não são bem elucidados. Acredita-se que uma das razões dos distúrbios e alterações ocorra por um desequilíbrio na concentração e/ou ação das aminas cerebrais, substâncias que atuam regulando os mecanismos bioquímicos, fisiológicos, psicológicos e clínicos deste sistema.

Em 1976 a Organização Mundial de Saúde (OMS) dividiu esses fármacos de acordo com dois critérios: de acordo com a farmacologia (classificação farmacológica) e em relação à ação terapêutica (classificação terapêutica). Com base na classificação farmacológica, esses fármacos são divididos em sedativos ansiolíticos, antipsicóticos (neurolépticos), antidepressivos, liberadores indiretos de catecolaminas, psicodislépticos ou alucinógenos, metabólitos do SNC e antagonistas da serotonina. Quanto à classificação terapêutica, temos os sedativos ansiolíticos, antipsicóticos (neurolépticos), antidepressivos, psicotogênicos e drogas para sintomas de doenças neurodegenerativas.

Os agentes antipsicóticos, também conhecidos como neurolépticos, são usados no tratamento da esquizofrenia. Apesar de não curar, produz calma e melhoram os sintomas desta patologia, que incluem alucinações auditivas e visuais, sem afetar a consciência ou deprimir os centros vitais. Também não causam a dependência física ou psíquica. Esses fármacos podem ser divididos em: derivados fenotiazídicos (clorpromazina, flufenazina, etc.), derivados tioxantênicos (clorprotixeno, cloridrato de tiotixeno), butirofenonas e difenilbutilaminas (haloperidol, droperidol, pimozida, etc.) e agentes psicóticos diversos (clotiapina, loxapina, sulpirida). O mecanismo de ação desses fármacos está em deprimir seletivamente o SNC, atuando de formas diversas para exibir tal efeito, embora ainda não se conheça os mecanismos exatos, havendo somente suposições.

Os agentes ansiolíticos, popularmente conhecidos como tranquilizantes, são aqueles utilizados no tratamento da ansiedade. Quanto à classificação, podem ser divididos em: carbamatos de propanodiol e compostos relacionados (meprobamato, tibamato, fenaglicodol), benzodiazepinas (clordiazepóxido, oxazepam, diazepam, lorazepam, etc.) e compostos diversos (hidroxizina, clormezanona).

O diazepam é o fármaco mais prescrito para o tratamento da ansiedade e tensão, apresentando maior eficácia que o clordiazepóxido, sendo o mais vendido no mundo. Também é utilizado na síndrome da abstinência alcoólica e como adjuvante à anestesia. Os efeitos adversos desses fármacos incluem sonolência (mais comum) e ataxia, vertigem, cefaleia, fadiga, fraqueza muscular e icterícia (mais raros). Com doses elevadas e a longo prazo podem provocar a dependência.

Os agentes antidepressivos, como o nome sugere, são utilizados no tratamento da depressão, melhorando os sintomas. As principais classes são: compostos tricíclicos (imipramina, amitriptilina, nortriptilina, doxepina, etc.), inibidores da MAO (fenelzina, isocarboxazida, tranilcipromina, pargilina), sais de lítio e estrôncio (sais de lítio - acetato, carbonato, glutamato - e o carbonato de estrôncio) e agentes antidepressivos diversos (bupropiona, femoxetina, fluoxetina, etc.). A hipótese para o mecanismo de ação desses fármacos é a de que atuem nas vias monoaminérgicas, principalmente nas catecolaminérgicas, influenciando na produção, no armazenamento e/ou na recaptação das monoaminas.

Por fim, os agentes alucinógenos, também conhecidos como psicomiméticos, psicodislépticos, psicodélicos, além de outras denominações, possuem pouca aplicação terapêutica, sendo consumidos de forma ilegal, por produzirem efeitos alucinógenos. As drogas desta classe incluem a LSD (dietilamida do ácido lisérgico), mescalina e psilocibina.

Referência:

KOROLKOVAS A; BURCKHALTER J.H. Química Farmacêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988.

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