O pioneiro da Psicologia Funcional desenvolvida nos Estados Unidos foi o americano William James (1842-1910) que, segundo pesquisa realizada 80 anos após sua morte, perdia prestígio apenas para Wilhelm Wundt. Mas sua importância perdia um pouco de brilho, devido ao seu interesse por assuntos místicos como telepatia, clarividência, espiritismo e comunicação com os mortos. Tinha verdadeira aversão pelo método de experimentação em psicologia e pouco trabalho realizou nessa área.
James não fundou nenhuma corrente de pensamento ou escola de psicologia nova, sua atitude de pesquisador não tinha nada de experimentalista, como queriam fazer parecer associando sua forma de psicologia à forma da psicologia experimental. Ele não fundou a psicologia funcional, mas apresentou de forma clara e eficaz as suas idéias dentro da atmosfera funcionalista impregnada na psicologia americana, influenciando o movimento funcionalista e inspirando as gerações posteriores de psicólogos.
Em 1869, sofrendo de depressão e com sintomas nervosos diversos, James começou a desenvolver uma filosofia de vida incentivado não tanto pela curiosidade intelectual, mas pelo desespero. Leu o ensaio do filósofo francês Charles Renouvier sobre o livre arbítrio e convenceu-se de sua existência, decidindo que seu primeiro ato de vontade própria seria a crença no ato livre arbítrio.
Em 1872 lecionava fisiologia em Harvard. Mais ou menos nessa mesma época, James interessou-se pelos efeitos de alguns elementos químicos na alteração da mente. Leu sobre experiências nas quais os sujeitos envolvidos eram influenciados pelo óxido nitroso (a “gás hilariante”) e do nitrato de amila, que afetam a oxigenação do cérebro, causando movimentos bruscos. Decidiu experimentar essas substâncias. Essas experiências o fascinaram devido à forma como as alterações físicas influenciavam a consciência.
James foi considerado o maior psicólogo americano por três razões básicas: ele escrevia com uma clareza rara na ciência, se posicionou contra o objetivo de Wundt na psicologia, que era analisar a consciência a partir de seus elementos e forneceu uma maneira alternativa de analisar a mente, a abordagem funcional da psicologia. A visão que se tornou o ponto central do funcionalismo americano foi a teoria de que a psicologia não tem como meta a descoberta dos elementos da experiência, mas sim o estudo sobre a adaptação dos seres humanos ao seu meio ambiente. A função da nossa consciência é guiar-nos aos fins necessários para a sobrevivência. A consciência é vital para as necessidades dos seres complexos em um ambiente complexo; de outra forma, a evolução humana não ocorreria.
Ele também enfatizava os aspectos não racionais da natureza humana. As pessoas eram criaturas dotadas de emoção e paixão, assim como de pensamento e razão. Mesmo quando discutia os processos puramente intelectuais, James destacava o não-racional. Alegava que a condição física afetava o intelecto, que os fatores emocionais determinavam as crenças e que as necessidades e os desejos humanos influenciavam a formação da razão e dos conceitos. Assim, James não considerava as pessoas seres totalmente racionais.