Compostos organometálicos

Por Vânia Ribeiro Ferreira

Doutora em Química (UFSC, 2016)
Mestre em Química Analítica (UFPR, 2010)
Licenciada e Bacharelada em Química (UFPR, 2009)

Categorias: Química Orgânica
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Os compostos organometálicos apresentam pelo menos uma ligação entre átomos de metais ou semimetais diretamente ao átomo de carbono de uma cadeia carbônica. Os compostos possuem como fórmula geral R-M, onde R se refere ao radical orgânico, e M ao metal, que pode ser do grupo principal, de transição, lantanídeo ou actinídeo da tabela periódica. Vale ressaltar aqui que para ser considerado um organometálico, é imprescindível que o metal esteja ligado ao átomo de carbono. Se tivermos, por exemplo, uma substância contendo uma cadeia carbônica e um metal, mas a ligação ocorrer através de outro átomo, esse composto não será um organometálico. Como exemplo podemos citar o caso da molécula abaixo:

Observe que embora haja uma cadeia carbônica e um metal, o mesmo se liga através do átomo de oxigênio e não de carbono.

Em 1827, através da reação entre PtCl4 e etanol, William Christopher Zeize obteve a substância (K[PtCl3 (C2 H4)].H2O), chamada de sal de Zeize, sendo este considerado o primeiro composto organometálico sintetizado. O termo organometálico foi criado pelo inglês E. C. Frankland, que estudou muitos composto de metais dos grupos s e p. Alguns compostos, como os organozincos Zn(CH3)2 e Zn(C2H5)2 inclusive recebem o nome de compostos de Frankland por terem sido descoberto por esse cientista que também sintetizou outras substâncias tais como Hg(CH3 ), o Sn(C2H5) e o B(CH3)3. Uma classe importante são os organomagnésios, que são os chamados compostos de Grignard e apresentam fórmula geral R-Mg–X. Estes são derivados de hidrocarbonetos onde um dos hidrogênios da cadeia carbônica é substituído por um radical MgX, sendo X um dos halogênios, F, Cl, Br ou I. Os reagentes de Grignard são utilizados em diversas reações de síntese orgânica reagindo com aldeídos para produzir alcoóis secundários, alguns exemplos de compostos são: CH3MgCl, CH3CH2MgCl, CH3CH2CH2MgBr e C6H5MgBr.

As propriedades físico-químicas dos organometálicos variam de acordo com o tipo de ligação que se estabelece entre o átomo de carbono e o metal. Essas ligações podem ser tipo covalente, iônica ou ainda abranger dois ou mais átomos, recebendo nesse caso o nome de multinucleadas. Em função dessas diferenças, dentro do grupo dos organometálicos encontraremos substâncias nos estados sólido, líquido ou gasoso, algumas tóxicas, outras inflamáveis, outras voláteis, ou seja, não existe uma propriedade definida para todos os compostos desse grupo.

Em relação à nomenclatura dos organometálicos, as regras variam um pouco de acordo com os compostos. Para dar nome aos organometálicos de Grignard de acordo com a regra de nomenclatura da IUPAC deve-se seguir o seguinte padrão:

Nome do ânion (cloreto, iodeto, flureto ou bromete) + de + nome do radical orgânico + magnésio

Exemplo:

Os compostos de Frankland seguem a seguinte ordem:

Nome do metal + prefixo seguido do nome do radical orgânico

Exemplo: CH3CH2zinco dietila

Quando o metal pertence aos blocos s e p, temos a seguinte regra:

Nome do radical orgânico + nome do metal

Exemplo: Al(CH3)3 - metilalumínio

Alguns elementos do grupo p podem receber nomenclaturas parecidas com as dos compostos orgânicos:

Exemplo: Si(CH3)3 – trimetilsilano

Alguns compostos com caráter iônico apresentam nomes parecidos com a nomenclatura dos sais:

Nome do ânion + nome do metal

Exemplo: KCH – metileto de potássio.

Referencias:

Tito e Canto. Química na Abordagem do Cotidiano. Volume único, parte C – Química Orgânica. Editora Saraiva 2005.

LEE, J. D. Química Inorgânica não tão concisa, 5. ed. São Paulo: Edgar Blücher, 1999.

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