Muito abundante na natureza, o xisto betuminoso é uma rocha de origem sedimentar composta por matéria orgânica oleosa denominada betume. Esse material, também chamado de folhelho betuminoso, é proveniente da transformação química de resíduos vegetais ao longo de milhões de anos.
O betume é formado por uma mistura de diversos hidrocarbonetos e corresponde a cerca de 10% da composição do xisto. A parte oleosa do xisto é consideravelmente fluida e pode ser extraída com facilidade. Para extrair o óleo de xisto, a rocha precisa ser escavada, moída e aquecida a uma temperatura de aproximadamente 500 °C (pirólise). Por meio desse processo será liberado o óleo bruto, que depois deve ser refinado (assim como ocorre com o petróleo).
O óleo de xisto refinado é idêntico ao petróleo de poço e dá origem a diferentes produtos e subprodutos empregados em diversas áreas da indústria:
- Óleo combustível: usado na indústria como fonte de energia.
- Gás de xisto: muito semelhante ao gás natural, utilizado na indústria de cerâmica.
- Enxofre: útil à produção de ácido sulfúrico, fabricação de medicamentos, fertilizantes, alimentos, entre outros.
- Nafta: empregado na produção de solventes e como combustível industrial.
- Cinzas de xisto: usado na fabricação do cimento.
- Calxisto: aplicado à correção da acidez de solos agricultáveis.
- Xisto retortado: utilizado como insumo industrial na fabricação de vidros, cimento e cerâmica vermelha.
A maior reserva mundial de xisto está nos Estados Unidos, seguido do Brasil, cuja reserva é de 1,9 bilhão de barris de óleo. No Brasil, a substância foi extraída pela primeira vez em 1884, na Bahia e hoje os maiores depósitos brasileiros de xisto estão localizados em São Mateus do Sul, no estado do Paraná. Neste país, a exploração de xisto é administrada pela Superintendência Internacional de Xisto (SIX), da Petrobrás, que pesquisa e desenvolve tecnologias para aproveitamento desse material.
A extração e o processamento do óleo de xisto não são processos simples, o que acaba encarecendo muito o produto obtido e o torna incapaz de competir economicamente com o petróleo. Além disso, trata-se de processos de alto impacto ambiental, com emissão de gases poluentes e poluição de recursos hídricos, além do risco de combustão voluntária de seus resíduos. Por outro lado, considerando a gradativa redução de reservas de petróleo combinada com um consumo cada vez maior de seus derivados, o xisto betuminoso poderá, futuramente, se tornar uma reserva muito importante de energia e de matérias primas.
Referências:
FELTRE, Ricardo. Química vol 3. São Paulo: Moderna, 2005.
http://cepa.if.usp.br/energia/energia1999/Grupo1A/xisto.html
Foto: http://www.sandatlas.org/2012/09/oil-shale/
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/quimica/xisto-betuminoso/