O petróleo bruto é aquele líquido espesso, escuro, que sai do poço, e então segue para uma extração de seus componentes em um processo conhecido como refino. Esse processo pode fornecer diretamente as frações do petróleo, as quais possuem pontos de ebulição distintos, em refinarias de petróleo. Sua destilação fracionada é possível devido às diferenças na volatilidade desses componentes. Após esse processo mais geral, cada uma das frações coletadas poderá novamente ser submetida a um aquecimento, para que se possa obter substâncias com um maior percentual de pureza, necessário a uma utilização mais específica.
Ao contrário do que se pensa e comumente se menciona, o petróleo não apresenta aplicabilidade apenas na produção de combustíveis, mas também serve como matéria-prima para vários produtos de alto interesse econômico e industrial. Do petróleo são extraídos reagentes para determinadas reações químicas que, quando realizadas sob determinadas condições apropriadas e em equipamentos específicos, permitem então a obtenção de novos materiais de interesse industrial.
Um exemplo atualmente corriqueiro é a alta sobre de óleo que ocorre ao se produz elevados volumes de gasolina. Alguns processos catalíticos buscam a quebra das moléculas de óleo para produção de novas moléculas de gasolina, processo esse ainda carente de melhores resultados, conhecidos como pirólise ou craqueamento catalítico. O termo pirólise provém do grego (pyros = fogo, e lysis = quebra). Já o termo craqueamento provém do inglês (to crack = quebrar).
As principais matérias primas do petróleo distinguem-se entre si em relação ao seu número de carbonos presente na molécula. Por exemplo, moléculas contendo de 1 a 4 átomos de carbono formam o gás de cozinha, contendo de 5 a 10 átomos a gasolina, de 11 a 12 átomos o querosene, de 13 a 17 átomos o óleo diesel e acima de 17 átomos de carbono o óleo lubrificante, também conhecido como parafina. Assim, moléculas maiores, de alto peso molecular, sofrem pirólise com mais facilidade, desdobrando-se em moléculas menores, conforme o caso do craqueamento do óleo diesel em gasolina.
O resíduo do petróleo, ou seja, sua última fração obtida nas refinarias, contém mais de 38 átomos de carbono por molécula, e é conhecido por piche e utilizado na pavimentação urbana. Essa molécula não é utilizada em tratamentos de pirólise devido sobretudo ao seu alto ponto de ebulição, na maioria dos casos acima de 500 graus Celsius. Dessa forma, catalisadores apropriados para pirólise de moléculas com elevado número de átomos de carbono e de elevado ponto de ebulição representam uma importante área de estudo para a química de materiais.
Referências:
LUFTI, Mansur; Os Ferrados e os Cromados: produção social e apropriação privada do conhecimento químico, Ed. UNIJUI, Ijuí/RS – 1992.
MAHAN, Bruce M.; MYERS, Rollie J.; Química: um curso universitário, Ed. Edgard Blucher LTDA, São Paulo/SP – 2002.
PERUZZO, Francisco Miragaia (Tito); CANTO, Eduardo Leite; Química na Abordagem do Cotidiano, Ed. Moderna, vol.1, São Paulo/SP- 1998.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/reacoes-quimicas/pirolise-ou-craqueamento-catalitico/