Narrativa

Por Daniele Cristina Agostinho Silva

Mestra em Literatura e Crítica Literária (PUC-SP, 2012)
Graduada em Letras (PUC-SP, 2008)

Categorias: Literatura, Redação
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O termo narrativa designa a ação, o processo ou o efeito de narrar uma história. Em literatura, a narrativa é a conexão entre todos os elementos que compõem o enredo: personagens, tempo, espaço e conflito.

Na narrativa, o narrador exerce a função primordial de “contação” da história. É ele quem direciona o imaginário do leitor durante o processo de composição da trama. As estruturações das histórias narrativas normalmente seguem a lógica da apresentação, do conflito, do clímax e do desfecho.

No que diz respeito à apresentação, o narrador situa o leitor naquele universo novo e, na maioria das vezes, ficcional. São apresentados os personagens, as circunstâncias da história e a sua ação principal. O conflito é a parte da narrativa que promove o choque da linearidade da ação de narrar e permite que os personagens assumam a condução do enredo a partir de suas ações; o clímax é ponto enigmático do texto que provoca a suspensão e a curiosidade do leitor. Já o desfecho, é uma consequência da desordem provoca pelo conflito produzido a partir das ações dos personagens.

Alguns elementos são recorrentes e permeiam o gênero narrativo: foco narrativo - o texto pode ser narrado em primeira ou terceira pessoa; personagens - protagonista, antagonista ou coadjuvante; narrador - protagonista, personagem, onisciente, observado, não confiável, testemunha); tempo -cronológico e psicológico e espaço - geográfico, narrativo.

Dentre os gêneros literários que usam os elementos da narrativa em sua estruturação estão: o romance, a novela, o conto, a crônica e a fábula. Normalmente escrita em prosa, a narrativa também se articula em poemas que intencionam narrar grandes feitos de uma comunidade, como é o caso da poesia épica ou dos chamados romanceiros.

Embora os textos narrativos circulem em todas as esferas da comunicação humana, o conceito de narrativa parece ser particular das produções ficcionais porque boas partes das narrações cotidianas têm caráter informativo e não se preocupam em envolver o leitor pelo conflito.

Walter Benjamin em seu ensaio O Narrador analisa a importância da tradição oral na constituição dos gêneros narrativos. Para o crítico, a humanidade é criadora da arte de contar histórias porque é só desta forma que se consegue trocar as variadas experiências. Benjamin também acredita haver diferença entre as narrativas reais e ficcionais, tanto que as classificou como sendo narrações e romances, respectivamente.

A narrativa literária possui o que se pode chamar de narratividade, ou seja, o modo como a narração é conduzida, ainda que os seus elementos não sigam exatamente a ordem estrutural, como é o caso de romances modernos e contemporâneos que não seguem a linearidade do contar narrativo.

Referência:

Benjamin, W. O narrador. Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. In: Benjamin, W. Magia e técnica, arte e política. Obras escolhidas. São Paulo: Brasiliense, 1987.

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