As amebas parasitárias facultativas ou oportunistas, ou mais conhecidas como amebas de vida livre, podem causar meningoencefalite, encefalite granulomatosa e úlcera de córnea. É bem provável que os casos humanos ocorram há muito tempo, mas podemos pensar que estamos frente a protozoários de transição para a vida parasitaria, o que aumenta a necessidade de pesquisas para melhor compreender estes novos parasitos, principalmente em sua patogenia e epidemiologia. Estas amebas são: Naegleria fowleri que é patogênica, Acanthamoeba sp que pertence a família Hartmanellidae com oito espécies de interesse médico, Balamuthia mandrilaris e Leptomyxa que pertencem a família Leptomyxidae.
As amebas (Acanthamoeba sp) só invadem a córnea previamente lesada. Se houver abrasão ampla, a ceratite tem desenvolvimento rápido, com ulceração da córnea, muita dor e perda de visão variável. As pessoas que usam lentes de contato, as pequenas lesões causadas pelo uso incorreto desse corretivo visual podem permitir a penetração das amebas advindas de contaminantes de soluções salinas preparadas em casa, por exemplo.
Essas amebas são encontradas no solo e nas águas de lagos e rios. As formas trofozoíticas são ativas e alimentam-se de bactérias; os cistos são encontrados nos solos secos ou na poeira. O desencistamento ocorre quando os cistos entram em ambiente úmido. Principalmente em presença de outras bactérias. As formas flageladas são bem ativas na água em seus movimentos e ao entrarem em contato com a mucosa nasal transformam-se em trofozoítos ativos, via epitélio neuroolfativo atingem o cérebro, onde se disseminam por via sanguínea.
Nos casos de meningoencefalite em humanos podem apresentar na forma aguda e crônica. Os casos agudos tem como agente etiológico o Naegleria fowleri, causando uma lesão hemorrágica e necrótica atingindo a base do lobo frontal e cérebro. Está comumente relacionada com banhistas jovens. Os casos crônicos tem sido associados à Acanthamoeba sp que causa uma encefalite amebiana granulomatosa em pacientes debilitados e imunodeprimidos. A prevenção da encefalite amebiana só pode ser feita não nadando em lagoas, piscinas e rios passíveis de contaminação.
O tratamento é uma problemática porque não se conhece um medicamento específico que seja eficiente, apesar de várias drogas serem testadas. Os medicamentos com algum efeito e usados nos pacientes foram anfotericina B, miconazol e a rifampicina por vias intravenosa e intratecal. Nos casos de ceratite, a terapêutica também é difícil, usa-se por via tópica: isitianato de propamidina, polihexametileno de biguanida e neomicina, e via oral: cetoconazol ou itraconazol.
Fonte:
Neves, D.P. et. al., Parasitologia humana, 11°edição, editora Atheneu.
Foto: http://www.cdc.gov/parasites/naegleria/
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/reino-protista/amebas-de-vida-livre/