Competição

Por Pâmela Castro Dutra
Categorias: Relações Ecológicas
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O princípio da exclusão competitiva de Gause

Considere que duas espécies de uma comunidade utilizem os mesmos recursos no ambiente, como plantas de uma mesma espécie que têm suas raízes no solo de um mesmo local, ou insetos e roedores que se alimentam de plantas em um campo.

Pode-se esperar que haja competição por alimento, principalmente se este for escasso. Em 1934, o cientista russo Georgyi F. Gause (1910-1986) realizou um experimento onde, em um mesmo tubo de cultivo, duas espécies de protozoários (Paramecium aurelia e Paramecium caudatum) foram colocadas sob as mesmas condições (meios de cultura com o mesmo nível de acidez e mesma quantidade de alimento).

Neste experimento, Gause observou que a competição entre as duas espécies era tão intensa que levava P. caudatum à extinção. Ele notou, contudo, que quando P. caudatum era cultivado com outra espécie de protozoário, Paramecium bursaria, nenhuma das espécies era prejudicada. Isso era possível, de acordo com o cientista, graças ao fato de P. caudatum viver livre no meio líquido, enquanto P. bursaria ficava aderido às paredes do tubo.

Dessa forma, segundo Gause, se duas espécies possuem nichos ecológicos muito semelhantes, uma severa competição se estabelecerá entre elas, e ambas não conseguirão conviver no mesmo habitat. Ficou estabelecido, assim, o princípio da exclusão competitiva ou princípio de Gause.

Competição intraespecífica e competição interespecífica

A competição por recursos no ambiente pode ocorrer entre indivíduos de uma mesma espécie, sendo esta a competição intraespecífica, ou entre indivíduos de espécies diferentes, caracterizando-se como competição interespecífica.

No primeiro caso, os recursos disputados podem ser parceiros para a reprodução, água, luz, alimento, moradia, entre outros.

Em épocas de reprodução, elefantes marinhos (Mirounga leonina) machos estabelecem uma hierarquia de dominância sobre grupos de fêmeas que vão, em média, de 40 a 50 indivíduos, formando um harém. Ao se depararem com outro macho se aproximando do harém, desafiam-se agressivamente, podendo levar um dos competidores à morte. Esta alta competição faz com que apenas 2 ou 3% dos machos adultos consigam se reproduzir.

Outro exemplo de competição intraespecífica é o que ocorre entre plantas do deserto. A competição por recursos como água e nutrientes do solo faz com que a distribuição entre elas seja espaçada.

Na competição interespecífica, como observado por Gause, quando duas espécies diferentes de uma comunidade disputam pelos mesmos recursos, seus nichos ecológicos “se sobrepõem” parcialmente. Dessa forma, quanto mais sobrepostos forem estes nichos, maior será a competição, fazendo com que uma das espécies migre em busca de recursos onde não haja competidores, ou, até mesmo, leve-a à extinção.

Hienas, geralmente, esperam os leões (Panthera leo) se alimentarem de sua presa para aproveitarem os restos deixados por eles, porém, quando estão em grupos maiores que os dos leões, podem iniciar um confronto e tomar a presa abatida, o que caracteriza uma competição.

Leia também:

Referências bibliográficas:

AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia em Contexto. 1ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 2013.

HADEL, Valéria Flora. Elefante marinho. 2008. Disponível em: <http://noticias.cebimar.usp.br/artigos/71-elefante-marinho>. Acesso em 13 nov. 2016.

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