O inquilinismo é uma relação ecológica que ocorre entre organismos de diferentes espécies, ou seja, é uma relação interespecífica. Nesta associação, uma espécie denominada como “inquilina” vive no interior ou sobre outra espécie, chamada de “hospedeira”, que lhe serve de suporte ou abrigo. A espécie inquilina se beneficia, mas não gera prejuízos à hospedeira.
Inquilinismo entre as plantas
Esta relação é comumente encontrada entre plantas como bromélias, orquídeas e samambaias e plantas de maior porte, sobre as quais se instalam para obter suporte. Entre os vegetais, chamam-se as espécies inquilinas de epífitas. Crescendo sobre plantas de grande porte, as epífitas garantem maior suprimento de luz para a realização da fotossíntese, o que é muito importante, sobretudo, em ambientes que recebem pouca iluminação, como o interior de florestas.
Uma vez que as epífitas não possuem contato com o solo, sua sobrevivência nos estratos arbóreos é garantida por estruturas adaptadas à captação e absorção de água. Bromélias, por exemplo, possuem forma de cone invertido e folhas com disposição espiralada e imbricada, que permitem o armazenamento da água das chuvas.
Inquilinismo entre os animais
Entre os animais, um dos casos mais conhecidos deste tipo de relação é o inquilinismo entre o peixe fierásfer, popularmente conhecido como peixe-agulha, e pepinos-do-mar (Holoturia). Este peixe abriga-se no corpo deste equinodermo, do qual sai para se alimentar e depois volta. Enquanto o fierásfer garante proteção, o pepino-do-mar não recebe benefício nem sofre desvantagem.
Outro caso de inquilinismo entre os animais pode ser observado entre peixes-palhaço e anêmonas-do-mar. Para garantirem abrigo e proteção, diversas espécies de peixe-palhaço habitam os tentáculos de certas anêmonas-do-mar, sem lhes causarem prejuízos ou benefícios. Entretanto, esta relação pode ser considerada, ao mesmo tempo, uma situação de comensalismo, pois, eventualmente, os peixes-palhaço se aproveitam dos restos de alimento deixados pelas anêmonas para se alimentar. Os peixes-palhaço não são afetados pelos tentáculos urticantes das anêmonas, que lhes protegem contra predadores, graças ao muco protetor que reveste seu corpo.
Ainda no meio aquático, um caso curioso de inquilinismo ocorre entre uma espécie de tartaruga endêmica da Austrália, conhecida como Mary river (Elusor macrurus), e algas verdes: estas algas se instalam e colonizam o corpo destas tartarugas, que ficam com seus cascos e cabeças repletos destes organismos. Nesta relação, as algas ganham substrato para seu desenvolvimento, não prejudicando ou beneficiando as tartarugas.
Referências bibliográficas:
AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Biologia em Contexto. 1ª edição. São Paulo: Editora Moderna, 2013.
COGLIATTI-CARVALHO, Luciana et al. Volume de água armazenado no tanque de bromélias em restingas da costa brasileira. 2010. Acta botânica brasileira 24: 84-95.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/relacoes-ecologicas/inquilinismo/