Criptojudaísmo

Pós-doutorado em História da Cultura (Unicamp, 2011)
Doutor em Ciências da Religião (Umesp, 2001)
Mestre em Teologia e História (Umesp, 1996)
Licenciado em Filosofia (Unicamp, 1992)
Bacharel em Teologia (Mackenzie, 1985)

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Criptojudaísmo é o termo referente aos judeus que praticavam sua fé e costumes em segredo (cripto), por medo das perseguições, de práticas de judeus que mantinham sua fé em segredo, enquanto publicamente seguiam o cristianismo. Outros adeptos deste Criptojudaísmo foram os “xuetes” (Ilhas Baleares), os “marranos” (península Ibérica) e “neofiti” (Itália). Sefarditas eram os descendentes de judeus originários de Portugal e Espanha forçados a se converterem, sendo chamados de “cristãos novos”.

Houve a primeira grande dispersão ou diáspora no ano 70 d.C., destruição do Templo de Jerusalém e grande dispersão judaica pela África, Europa mediterrânea, Ásia Menor e China. No final do século 15, judeus sefarditas se espalharam pela Europa (a diáspora Atlântica dos tempos modernos), que aderiu à cabala usando-a na cultura criptojudaica dos sefarditas.

No final da Idade Média, os judeus em Portugal ocupavam altos postos na corte, eram aristocratas, ricos mercadores e financistas que se destacavam na economia portuguesa. Portugal estava à beira de um naufrágio cultural e os judeus salvaguardam suas crenças para garantirem sua civilização judaica autêntica, apesar de relativamente enraizada nas outras crenças, formando uma verdadeira civilização de diáspora sefardita.

A cultura da comunidade judaica de Portugal sofria influência cultural da comunidade judaica da Espanha e a imprensa serviu elemento de união dos judeus e de desenvolvimento de uma cultura literária entre eles. Foram séculos de tradição espiritual e intelectual até serem expulsos da Península Ibérica e as gerações da diáspora tiveram de integrar suas tradições culturais às novas circunstâncias, influenciadas pelos ambientes para onde emigraram.

A diáspora sefardita ao redor do Mediterrâneo e do Atlântico formou comunidades unidas por interesses comerciais e culturais, com grande desenvolvimento econômico (século 16), com destaque internacional na medicina, literatura, finanças, ciência, filosofia, nas Universidades e na imprensa.

O judaísmo dos sefarditas forçados à conversão ao catolicismo, sofreu perseguições de instituições inquisitoriais que queimavam manuscritos e livros para impedir a difusão de crenças contrárias aos seus próprios dogmas. O cristianismo elencou um conjunto de práticas judaicas consideradas heréticas, punindo-as com a morte (Auto de Fé) para quem fosse pego em prática judaica e não as abandonasse e se convertesse ao cristianismo. O alvo principal dos tribunais do Santo Oficio eram países mediterrâneos, principalmente os Ibéricos e suas colônias.

Por essa razão, os sefarditas foram migrando de país em país, buscando sempre fugir da Inquisição, dando origem ao Criptojudaismo, praticado por muitas famílias sefarditas que se converteram ao cristianismo apenas de fachada. Esses “cristãos-novos” o faziam para evitar perderem seus bens e a vida para a Inquisição. Como não conseguiram erradicar a fé e as práticas rituais dos criptojudeus, os inquisidores apelaram para a tortura mental e física para forçarem conversões. Foram acusados de “falsos conversos”, teimosos e adeptos em segredo de sua antiga fé, sendo queimados.

A cultura dos criptojudeus sefarditas na diáspora Atlântica produziu muitos livros para não perderem sua identidade e incorporou elementos da Cabala, cujo relacionamento com o Criptojudaismo explica a atuação do Santo Ofício contra a feitiçaria, com o pressuposto da existência de “um núcleo de crenças populares que, pouco a pouco, em decorrência de pressões bastante precisas, foram assimiladas à feitiçaria. ” (GINZBURG, 1988, p. 7)

A superposição da Inquisição e superstições genéricas, modelavam as confissões dos acusados por meio de torturas e interrogatórios sugestivos. O cristianismo (entre os séculos 13 e 15) elaborou a imagem da feitiçaria diabólica e a Inquisição lutou contra essas culturas, combatendo a cultura sefardita. Com a ocidentalização da cultura judaica por meio do iluminismo judaico (Haskalah), do século 19, as comunidades judaicas se tornaram racionalistas e humanistas, abandonando o misticismo e a Cabala com relativo desprezo.

Referências bibliográficas:

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http://www.coisasjudaicas.com/2011/11/cripto-judaismo.html

http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf11/10.pdf

Arquivado em: Religião
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