Os evangelhos são as narrativas sobre a vida de Jesus – desde seu nascimento até sua ressurreição. Seu conteúdo, portanto, é geralmente de natureza religiosa, embora atualmente este termo também seja utilizado para se referir a orientações dirigidas a usuários de um determinado equipamento eletrônico, um computador, por exemplo. Esta palavra, porém, foi criada pelos cristãos, com a conotação de boas novas ou boas notícias, com certeza aludindo à mensagem de Cristo.
Os livros que contêm os ensinamentos do Cristianismo são chamados de Evangelho desde o governo de Justino, no ano 150; eles tradicionalmente compõem o que se chama de narrativa oral, guardada na memória dos que testemunharam a passagem de Jesus por este planeta. Os que a transcreveram pela escrita não eram doutores, filósofos ou escritores, mas sim pessoas simples, que se valeram de suas próprias experiências ao lado do Mestre e dos conhecimentos que detinham naquela ocasião. Deixaram assim o legado de Cristo para as gerações posteriores. Os quatro evangelistas são Mateus, Marcos, João e Lucas. Seus textos estão inclusos no espaço bíblico chamado de “Novo Testamento”. Os Evangelhos são divididos em capítulos e versículos – Mt 9:9-12, ou seja, Mateus, capítulo 9, versículos de 9 a 12.
Mas os Evangelhos não são apenas histórias biográficas. Não se trata apenas de narrar a vida de Jesus, mas sim de converter os leitores ou ouvintes aos seus ensinamentos. Eles contêm discursos, parábolas – alegorias através das quais Jesus transmitia aos seus seguidores ensinamentos de ordem superior – e narrativas. Hoje se sabe da existência dos Evangelhos Canônicos e dos Apócrifos. Os primeiros são os que foram selecionados pela Igreja para constar da Bíblia, as interpretações convencionais dos ensinamentos de Cristo, ou seja, os de Mateus, Marcos, Lucas e João. As igrejas de tradição cristã só reconhecem estes quatro evangelhos. Já os apócrifos são todos os outros textos sobre a passagem de Jesus entre nós, escritos durante a Antiguidade. Conhecem-se atualmente os Manuscritos de Nag Hammadi, também conhecidos como Manuscritos do Mar Morto. São eles o Evangelho de Tomé, o Evangelho de Filipe, o Evangelho de Pedro, o Evangelho de Judas e o Evangelho de Maria.
Os defensores dos Apócrifos foram perseguidos e mortos pela Igreja durante muito tempo, acusados de praticar heresias. Muitas guerras, mais conhecidas como Cruzadas, tiveram início por conta destas questões, como no Sudoeste da França, no Languedoc, na Idade Média – a Cruzada albigense, contra a suposta heresia cátara, que durou 40 anos, e durante a qual milhares de cátaros foram mortos. Ainda hoje esta região traz em seu seio as marcas do sangue derramado em suas terras. A Igreja destruiu muitos textos deste período, e os que sobreviveram e foram recentemente descobertos foram escondidos em vasos antigos, preservados assim até os nossos dias.
O cânon - decisão de um concílio sobre matéria de fé – foi definido aproximadamente em 150 d.C. e aparece em seu formato atual pela primeira vez em 367, incluído em uma carta de Atanásio, bispo de Alexandria. Ele foi validado no Terceiro Sínodo de Cartago, em 397. Inicialmente o Livro do Apocalipse foi rejeitado, e assim ocorreu durante toda a Idade Média. Ele foi aceito apenas durante a Reforma, por católicos e protestantes. Aparentemente o Evangelho de Marcos é o mais antigo. Já o de João foi o último a ser sistematizado e é essencialmente diferente dos outros, apresentando um formato distinto tanto no discurso quanto no seu conteúdo.