Monoteísmo é a crença em um deus único, singular e deriva das palavras gregas μόνος (monos) "único" e θεός (theos) "divindade". Acredita em um único Deus onipresente, onisciente e onipotente, responsável pela criação de todas as coisas no Universo, diferindo dos politeístas que creem que cada particularidade da natureza ou atividade humana seja de responsabilidade de diferentes divindades. Difere, portanto, das crenças em várias divindades (politeísmo), ainda que se admita que o politeísmo possa ser conciliável com o monoteísmo inclusivo ou outras formas de monismo. Difere também do henoteísmo – a adoração a um único deus, mas que admite a existência de outros deuses. Contrasta com o dualismo teísta (ou diteísmo), como existente no gnosticismo e contrasta com a monolatria – reconhece muitos deuses, mas a adora apenas uma divindade de forma consistente.
Dificilmente se aceita a teoria de que houve uma evolução natural do politeísmo ao henoteísmo e depois chegando-se ao monoteísmo. As religiões monoteístas são o judaísmo, o cristianismo e o islamismo – as chamadas religiões abraâmicas - e o próprio monoteísmo abriga, internamente, diversas concepções de Deus.
- Deísmo: acredita na existência de um deus único, criador de tudo, mas alguns creem que este deus impessoal não intervém no mundo, enquanto outros deístas acreditam na providência (intervenção divina no mundo).
- Monismo: monoteísmo típico do Hinduísmo que tem conceito de Deus pessoal, mas com nuances de panteísmo (o universo em si é Deus e não existe um ser transcendente fora dessa Natureza) e panenteísmo (o universo não se identifica com Deus, é parte dele, e Deus é imanente e transcendente ao mesmo tempo).
- Monoteísmo substancial: os inúmeros deuses são formas diferentes de uma única substância que a eles subjaz (religiões indígenas africanas).
- Zoroastrismo: há uma divindade suprema e transcendental, Ahura Mazda, conforme o profeta Zaratrusta, sendo a primeira religião monista proto-indo-europeia (Irã).
- Atonismo: cada cidade tinha uma divindade local, específica, que era a sua padroeira: Aquenaton ou Aton, no Egito.
- Correntes de monismo: na Índia dos vedas.
- Monoteísmo filosófico: conceitos de bem e mal absolutos (Zoroastrismo, Judaísmo, na cristologia dos cristãos primitivos, na tawhid do islamismo).
- Urmonotheismus: monoteísmo primitivo, original, segundo Wilhelm Schmidt (padre e antropólogo austríaco), que Don Richardson (missionário e escritor) desenvolveu a partir do estudo de religiões tribais originais, com a noção de um único deus que foi substituído pelo politeísmo (fator Melquisedeque).
- Monoteísmo ético: Deus é a base ética para a sociedade, conforme desenvolvido pelo judaísmo.
- Monoteísmo Bahá’í: acreditam em um único Deus, o “todo poderoso” ou “suprema sabedoria”, eterno, criador de todas as coisas, inacessível e que não se pode conhecer (incognoscível), que expressa sua vontade de várias maneiras estabelecendo religiões no mundo para educar a humanidade.
- Monoteísmo islâmico: acredita em Deus (Alá) como considerado único e sem igual.
- Monoteísmo judaico: declara a existência de um Deus único e que não existe unicidade como a dele.
- Monoteísmo cristão: crê num único Deus onipotente, onipresente e onisciente, que subsiste em três pessoas da Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo) – conceito trinitário – mas como um único Deus. Há divergências entre judeus e islâmicos que não aceitam cristãos como monoteístas e mesmo entre cristãos que não aceitam esse trinitarianismo.
Referências bibliográficas:
GAARDER, J.; HELLEN, V.; NOTAKER, H. O livro das religiões. São Paulo: Editora Schwarcz, 2000.
ZILLES, Urbano. Religiões crenças e crendices. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2002.
CHARTIER, Roger. A história cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.