Corpo Lúteo

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Histologia, Reprodução, Sistema Endócrino
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O corpo lúteo, também conhecido como corpo amarelo (pois possui uma coloração amarelada, devido ao hormônio luteína presente nele), é uma estrutura endócrina temporária existente nas fêmeas de mamíferos, relacionada com a produção do hormônio progesterona, necessário para a manutenção da gestação.

Sua formação se dá após a ovulação, quando as células da granulosa e as células da teca interna do folículo que ovulou se reorganizam dão origem a uma glândula endócrina temporária, localizada na camada cortical do ovário.

A liberação do fluído folicular resulta em um colapso da parede do folículo, que se torna pregueada. Em consequência da ovulação, um pouco de sangue pode fluir para a cavidade do antro folicular, onde coagula e é depois invadido por tecido conjuntivo. Esse tecido conjuntivo, juntamente com restos de coágulo de sangue que são gradualmente removidos, forma a parte mais central do corpo lúteo.

Mesmo que as células da granulosa não se dividam após a ovulação, elas aumentam muito de tamanho, compondo, aproximadamente, 80% do parênquima do corpo lúteo e passam a receber o nome de células da granulosa-luteínicas, com características de células secretoras de esteróides.

As células localizadas na teca interna também contribuem para a formação do corpo lúteo, originando as células teca-luteínicas. Estas são similares as células granulosa-luteínicas, mas são menores; tendem a se acumularem nas pregas na parede do corpo lúteo.

Os vasos sanguíneos e linfáticos, que eram restritos à teca interna, agora crescem, dirigem-se para o interior do corpo lúteo e formam uma abundante rede vascular.

A reorganização do folículo ovulado e o desenvolvimento do corpo lúteo resultam de estímulos pelo hormônio luteinizante (LH) liberado antes da ovulação. Ainda sob efeito do LH, as células modificam seus componentes enzimáticos e começam a secretar progesterona e estrógeno.

O destino do corpo lúteo é dependente dos estímulos que ele irá  receber após a sua formação. Pelo estímulo inicial de LH (hormônio responsável pela ovulação) o corpo lúteo é programado para secretar durante 10-12 dias. Caso não haja nenhum estímulo adicional, suas células se degeneram por apoptose. Isso ocorre quando uma gestação não se estabelece. Umas das conseqüências da secreção decrescente de progesterona é a menstruação. Altas taxas de progesterona circulante inibem a liberação do hormônio folículo estimulante (FSH) pela hipófise. No entanto, após a degeneração do corpo lúteo, a concentração de esteróides do sangue diminui e FSH é liberado em quantidades maiores, estimulando o crescimento de outro grupo de folículos e iniciando o ciclo menstrual seguinte.

O corpo lúteo que dura só parte de um ciclo menstrual é denominado corpo lúteo de menstruação, sendo seus restos fagocitados por macrófagos. Fibroblastos invadem a área e produzam uma cicatriz de tecido conjuntivo denso, que recebe o nome de corpo albicans.

Quando há a instalação da gravidez, a mucosa uterina não pode descamar, pois caso isso ocorra, o embrião implantado morre e a gestação resulta em aborto. Um sinal para o corpo lúteo é dado pelo embrião implantado, cujas células trofoblásticas sintetizam um hormônio chamado gonadotrofina coriônica humana (HCG). A ação do hormônio HCG é semelhante à do LH, levando ao estímulo do corpo lúteo. Assim, o HCG impede que o corpo lúteo degenere, resultando em crescimento adicional desta glândula endócrina e estimula a secreção de progesterona.  Este último hormonio, além de manter a mucosa uterina, também estimula a secreção das glândulas uterinas, o que aparentemente é importante na nutrição do embrião antes da placenta se tornar funcional. Este é o corpo lúteo da gravidez, que persiste durante 4 a 5 meses na mulher, degenerando em seguida, sendo substituído por um corpo albicans.

Fontes:
Histologia Básica – Luiz C. Junqueira e José Carneiro. Editora Guanabara Koogan S.A. (10° Ed), 2004.

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