Cágados

Por Camila Oliveira da Cruz

Mestre em Ecologia (UERJ, 2016)
Graduada em Ciências Biológicas (UFF, 2013)

Categorias: Répteis
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Os cágados são quelônios da Ordem Testudines, da família Chelidae com distribuição geográfica que abrange a América do Sul, Austrália e Nova Guiné. No Brasil, este grupo é representado por 25 espécies distribuídas em nove gêneros. Estes répteis também são conhecidos como “tartarugas pescoço de cobra” por terem o pescoço comprido e estreito com capacidade de retração por meio do flexionamento do mesmo e da cabeça lateralmente para proteção sobre a carapaça. São animais que desenvolvem suas atividades tanto em ambiente aquático (de água doce) como em ambientes terrestres.

Assim como nas tartarugas marinhas, o casco dos cágados é mais leve e achatado que o dos jabutis conferindo assim mais agilidade e flutuabilidade no ambiente aquático. Além do pescoço dos cágados serem mais longo do que o das tartarugas e jabutis, as suas patas possuem dedos com membranas que também são adaptações para ambientes aquáticos.

Cágado da espécie Phrynops gibbus. Foto: Patrick K. Campbell / Shutterstock.com

De uma maneira geral, as espécies de cágados podem ser consideradas onívoras. Um dos principais recursos alimentares dos quelônios aquáticos são as larvas de insetos que têm parte de seu desenvolvimento na água, além de invertebrados, vertebrados e carniça. O estímulo visual parece ser a principal forma de localização do alimento. Após a localização, o cágado aproxima-se lentamente da presa (se esta estiver imóvel) ou a persegue, caso trate-se de presa viva e ágil. Após o reconhecimento olfativo, utilizado apenas quando se trata de presa imóvel, ocorre a apreensão do alimento por sucção, normalmente por meio de uma rápida projeção da cabeça em direção à presa. Caso a presa tenha um tamanho relativamente grande, ocorre a dilaceração, sendo que o alimento é aparado com uma das patas dianteiras.

Na época reprodutiva os machos na procura por fêmeas cheiram a cloaca de outro indivíduo com a finalidade de reconhecimento específico e determinação sexual ou para determinar a receptividade das fêmeas. Durante a pré-cópula, o macho arranha a carapaça da fêmea com as garras dos pés ou morde o pescoço da fêmea, o que funciona como um estímulo tátil. Também durante essa fase, o macho mantém o pescoço esticado e, com movimentos laterais, esfrega seu queixo contra a superfície dorsal da cabeça da fêmea. A cópula ocorre quando a fêmea permite que o macho permaneça sobre ela. As caudas aproximam-se ao mesmo tempo em que os membros anteriores do macho são posicionados sobre a carapaça da fêmea. O pênis é então protraído e inserido na cloaca da fêmea.

As fêmeas escolhem o local em que os ninhos serão construídos e começam o processo de abertura da cova com o auxílio das patas posteriores. Durante a abertura da cova, as fêmeas expelem um líquido pela cloaca, umedecendo o substrato, o que pode auxiliar o trabalho de escavação. Com o ninho construído inicia-se a postura dos ovos. Após o último ovo ter sido depositado a fêmea inicia o fechamento da cova onde os ovos são cobertos e, ao final, geralmente uma fina camada de substrato seco é puxada sobre o local do ninho, para camuflá-lo. Na última fase desse comportamento, ocorre o abandono do ninho, e o imediato retorno da fêmea à água.

Referências Bibliográficas:

SOUZA, Franco L. 2004. Uma revisão sobre padrões de atividade, reprodução e alimentação de cágados brasileiros (Testudines, Chelidae). Phyllomedusa 3(1): 15-27 p.

Atlas virtual da Pré-História. http://www.tartarugas.avph.com.br/tartaruga.php

BÉRNILS, R. S. & H. C. Costa. 2015. Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2015.2. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/ Sociedade Brasileira de Herpetologia.

Aprenda a diferença entre cágados, jabutis e tartarugas. 2014. ((o)) eco, Jornalismo Ambiental, http://www.oeco.org.br

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