Cobra coral

Por Camila Oliveira da Cruz

Mestre em Ecologia (UERJ, 2016)
Graduada em Ciências Biológicas (UFF, 2013)

Categorias: Répteis
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

As cobras corais pertencem à família Elapidae e está amplamente distribuída pelo mundo, com aproximadamente 361 espécies descritas até o momento. As serpentes desta família possuem um par de dentes aumentados na porção superior e anterior da maxila e, apesar de não ser esse o mais eficiente sistema de injeção de peçonha, é o grupo que possui a peçonha mais forte e letal do mundo. Muito bem conhecidos na Ásia, África, e particularmente diversificados na Austrália, os elapídeos contêm espécies famosas, como as najas asiáticas e africanas, e as temidas mambas do continente africano. Nas Américas, a família está representada pelas chamadas cobras corais, das quais, na fauna brasileira, são reconhecidas 39 espécies e subespécies, sendo 36 pertencendo ao gênero Micrurus e três ao gênero Leptomicrurus.

Essas serpentes apresentam a cabeça oval, recoberta por grandes placas simétricas e não possuem fossetas loreais como as serpentes da família Viperidae. Os olhos são pequenos e pretos, com pupila elíptica vertical. As cobras corais desenvolveram uma musculatura cervical adaptada para a escavação assim como ossos cranianos muito fortes. O corpo é cilíndrico e recoberto por escamas lisas com cauda curta e roliça. A maioria das espécies possui a coloração típica das cobras corais, com anéis completos em torno do corpo nas cores vermelho, amarelo (ou branco) e preto em arranjos característicos, com os anéis pretos dispostos isoladamente ou em tríades. Exceção a essa regra são as espécies do gênero Leptomicrurus, que apresentam cor preta uniforme no dorso, sem anéis, e com manchas amareladas na região ventral. Da mesma forma, Micrurus annellatus não apresenta anéis vermelhos.

Cobra coral verdadeira (Micrurus fulvius). Foto: Jay Ondreicka / Shutterstock.com

As cobras corais são animais de hábitos fossoriais (subterrâneos), habitando principalmente a camada superficial do solo ou sob o folhiço que cobre o chão das matas. Eventualmente, saem à superfície a procura de alimento ou para acasalar. A dieta geralmente é composta por pequenas serpentes e anfisbenídeos. São animais ovíparos e as fêmeas põem, geralmente, entre dois e dez ovos, em buracos no chão, em formigueiro ou dentro de troncos em decomposição. Após um período de aproximadamente dois meses de incubação nascem os filhotes, medindo em torno de 17 cm de comprimento.

As cobras corais não são agressivas, não dão bote e oferecem perigo somente quando manuseadas. Sua presa de veneno é fixa e pequena e localizada na parte anterior da boca, por isso morde ao invés de picar. Quando molestada esconde a cabeça junto ao corpo, levanta e enrola a cauda, dando a impressão de tratar-se da cabeça. Este é um comportamento defensivo e é usado por várias espécies, justamente para que a cobra tenha uma chance de morder enquanto o oponente se distrai com a cauda mais elevada. O veneno das corais possui ação neurotóxica e os principais efeitos são a visão dupla e borrada, a face se apresenta alterada (pálpebras caídas, aspecto sonolento), dores musculares e aumento da salivação. A insuficiência respiratória pode ocorrer como complicação do acidente levando ao óbito. No Brasil as corais podem ser encontradas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Tocantins e Bahia.

Cobra coral falsa (Oxyrhopus petola). Foto: Patrick K. Campbell / Shutterstock.com

Leia mais:

Referências Bibliográficas:

ANDRADE, A., PINTO, S. C., & OLIVEIRA, R. S., Orgs. Animais de Laboratório: criação e experimentação. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2002. 388 p. ISBN: 85-7541-015-6.

Bérnils, R. S. & H. C. Costa. 2015. Répteis brasileiros: Lista de espécies. Versão 2015.2. Disponível em http://www.sbherpetologia.org.br/ Sociedade Brasileira de Herpetologia.

FREITAS, Marco Antonio de. Serpentes brasileiras. Feira de Santana, BA, 2003. 120 p. ISBN: 85-86967-02-5.

Uetz, P., Freed, P. & Jirí Hošek (eds.). 2016. The Reptile Database. Disponível em:
http://www.reptile-database.org/

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!