O dragão-de-Komodo (Varanus Komodoensis) é a maior espécie de lagarto que existe atualmente, descoberto pelos ocidentais em 1912, pertence à família Varanidae e pode atingir até 3 metros de comprimento, podendo chegar a pesar até 125 kg. Esta espécie de lagarto é endêmica do sudoeste da Indonésia e possui uma distribuição geográfica restrita podendo ser encontrada nas ilhas de Komodo, Gili Motang, Gili Damase, Rinca e Flores. A União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN) a classifica como vulnerável e, a fim de ajudar e promover a proteção da espécie, o governo indonésio fundou em 1980 o Parque Nacional de Komodo, além de criar leis que visam à proteção e conservação da espécie. Para os nativos da ilha de Komodo estes animais são reencarnações dos seus antepassados e vistos com o olhar de reverência.
Apesar do tamanho e do peso que possuem, estes lagartos se locomovem com certa rapidez no solo. As patas do dragão-de-komodo apresentam cinco garras grandes que aparentemente são adaptadas para auxiliar a destrinchar carniças de animais, seu principal alimento, e a cavar o solo, uma vez que esta espécie costuma se abrigar em tocas subterrâneas. É um predador de topo de cadeia alimentar e, portanto, não possui outros animais acima desta espécie na pirâmide alimentar. São lagartos que podem viver em média por 30 anos.
O cientista Bryan Fry e colaboradores (2009) publicaram um estudo na Proceedings of the National Academy of Sciences onde os resultados mostram que o sistema venoso dos dragões-de-Komodo é capaz de produzir proteínas tóxicas que provocam queda na pressão sanguínea e diminuem a coagulação das presas. Alguns dutos especiais transportam o veneno de cinco compartimentos separados para aberturas entre os dentes do lagarto que introduzem estas proteínas tóxicas na ferida produzida pela forte mordida. Sequencialmente as presas podem entrar em choque e em seguida morrem de hemorragia. Na dieta deste predador incluem-se mamíferos, aves, ovos de aves, outros répteis, invertebrados e em situações oportunistas adotam o canibalismo consumindo outros dragões-de-Komodo, geralmente juvenis.
O período reprodutivo desta espécie de lagarto geralmente ocorre entre maio e agosto e envolvem lutas de machos por fêmeas e comportamentos de cortejo, como por exemplo, os machos podem esfregar seu rosto nas fêmeas e passar a língua no dorso das mesmas. Este e outros comportamentos adotados durante a época reprodutiva fazem parte do ritual de acasalamento destas espécies de lagartos. Ao contrário da maioria das espécies de lagartos, onde a poligamia é a estratégia reprodutiva mais utilizada, os dragões-de-Komodo podem ser monogâmicos, ou seja, o macho permanece com a mesma parceira sexual durante toda a vida. As fêmeas são ovíparas e depositam em média ninhadas de 30 ovos por estação reprodutiva preferencialmente em ninhos abandonados de Megapodius reinwardt (ave da família Megapodiidae) e são incubados aproximadamente por oito meses antes de eclodirem. As fêmeas desta espécie também podem se reproduzir sem terem sido fecundadas por um macho, através de partenogênese. Apesar de não ser um evento comum, alguns cientistas sugerem que a partenogênese é uma estratégia reprodutiva que permite que as fêmeas sozinhas colonizem novos nichos ecológicos em ambientes isolados como, por exemplo, novas ilhas.
Referências Bibliográficas:
Fry, B. G., et al. 2009. A central role for venom in predation by Varanus komodoensis (Komodo dragon) and the extinct giant Veranus (Megalania) priscus. Proceedings of the National Academy of Sciences 22(106): 8969–8974.
Pianka, E. R. & D. R. King, eds. 2004. Varanoid Lizards of the World. Indiana University Press, 599 p.
Watts PC, Buley KR, Sanderson S, Boardman W, Ciofi C, Gibson R. 2006. Parthenogenesis in Komodo dragons. Nature 444(7122): 1021-1022.