O procedimento de autotransfusão, também denominado transfusão autóloga, refere-se ao ato de reintrodução do sangue do próprio indivíduo em seus vasos sanguíneos. Este procedimento difere das transfusões sanguíneas convencionais, chamadas de transfusão homóloga, na qual é introduzido em um indivíduo sangue de outra pessoa.
Embora esta prática tenha ganhado força a pouco tempo, não é de hoje que há relatos de transfusão autóloga. No início de XIX, o médico Hohn Blundell foi um dos primeiros a praticar a autotransfusão em pacientes de obstetrícia, que apresentavam volumosa hemorragia pós-parto. Durante o mesmo século, outros utilizaram a técnica em casos de amputação com diferentes graus de sucesso.
No ano de 1940, foram identificados diferentes tipos sanguíneos, elucidando a relação existente entre os tipos de sangue e as reações à transfusão. Deste modo, a transfusão homóloga tornou-se popular, especialmente, durante a Segunda Guerra Mundial, e assim, a autotransfusão caiu no esquecimento. Todavia, no início da década de 80, a preocupação com as moléstias transmitidas por via hematógena, como a AIDS e a hepatite começou a aumentar, renovando o interesse pelas transfusões autólogas.
Atualmente, esta prática tem sido altamente valorizada em decorrência de seus benefícios econômicos e, em especial, pela sua segurança clínica. Os graves riscos envolvidos no procedimento de transfusão homóloga destacam o valor e a importância da autotransfusão.
Existem diferentes tipos de autotransfusão, que podem ser agrupadas da seguinte forma:
- Autotransfusões de emergência ou imediatas: reinfusão;
- Autotransfusão de pré-depósito: programadas;
Autotransfusões Imediatas - Reinfusão
Neste tipo de autotransfusão, o sangue vertido em uma hemorragia que o paciente venha a sofrer, tanto no período pré, per ou pós-operatório, é coletado através de diferentes meios e, subsequentemente, reintroduzido em sua veia. Esta se trata de uma autotransfusão emergencial, uma vez que, na maior parte das vezes, o paciente encontra-se altamente desprovido daquele volume de sangue perdido, sendo necessária sua reposição imediata. Esta prática comumente recebe o nome de reinfusão.
Indica-se este tipo de autotransfusão em procedimentos cirúrgicos de pacientes que apresentaram hemorragia prévia ou durante a própria cirurgia.
Autotransfusão de Pré-depósito
Esta técnica consiste na pré-coleta do sangue do paciente para que, em um momento posterior, o mesmo seja reintroduzido no paciente caso este necessite.
A programação deste tipo de autotransfusão é feita de duas formas:
- Pré-coleta múltipla iniciada de 6 a 28 dias antes da data programada da cirurgia;
- Pré-coleta imediata realizada dentro de 10 a 30 minutos antes do início do procedimento cirúrgico.
No entanto, existem alguns critérios apresentados pelo paciente que podem incluí-lo ou excluí-lo da realização do procedimento em questão.
Dentre os critérios de inclusão, estão:
- Não há idade limite, porém pacientes com idade inferior a 18 anos necessitam de autorização dos pais ou responsáveis;
- Hb/Ht (hemoglobina/hematócrito) deve ser superior ou igual a 11g/dL e superior ou igual a 33% antes de cada doação;
- Procedimento cirúrgico com perda sanguínea maior ou igual a 10% (500 a 1000 mL) de volemia em, no mínimo, 5 a 10% dos casos.
Já entre os critérios de exclusão, encontra-se:
- Pacientes que apresentam infecção ativa em tratamento ou em crise de bacteremia;
- Hemoglobinopatias, síndromes falciformes e talassêmicas;
- Afecções cardíacas;
- Gestantes que apresentam quadro de hipertensão;
- Epilepsias e síncopes;
- Cirurgias de pequeno porte em que não exista probabilidade de utilização de hemocomponentes;
- Pacientes que estejam fazendo uso de fármacos que possam causar reações adversas à doação ou que não possam ser suspensas.
Fontes:
http://www.alternet.pt/olympica/diartro/autotransfusao.html
http://www.scielo.br/pdf/rcbc/v35n4/a09v35n4.pdf
https://web.archive.org/web/20150506221949/http://www.hemosan.com.br/materia/256_hemoterapia-auto-transfusao/
http://www.chcm.com.br/homepage/medicos/pat.html