Hemácias

Por Rafael Barty Dextro

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

Categorias: Sangue, Sistema Circulatório
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As hemácias, também conhecidas como glóbulos vermelhos ou eritrócitos, são as células presentes no sangue dos vertebrados responsáveis por transportar oxigênio para todos os tecidos corporais. Elas se movem através dos vasos da corrente sanguínea e podem ser quantificadas através de um eritrograma, parte especifica do hemograma que informa o tamanho e quantidade das células da série vermelha do sangue. Elas foram descritas pela primeira vez em 1658 pelo biólogo Jan Swammerdam, graças a criação dos primeiros microscópios óticos.

Eritrócitos (hemácias, ou ainda, glóbulos vermelhos. Ilustração: Phonlamai Photo / Shutterstock.com

A função de transporte gasoso das hemácias ocorre graças a presença, em seu citoplasma, de uma molécula chamada hemoglobina. Esta proteína, em humanos, é formada por 4 subunidades formadas por uma cadeia proteica associada a um grupo heme, que possui ferro em sua estrutura. É devido a isso que o sangue possui a coloração vermelha. As hemácias não possuem núcleo nem DNA em seu interior.

O oxigênio proveniente da respiração, nos pulmões, se difunde no sangue através dos capilares sanguíneos dos alvéolos pulmonares. A hemoglobina possui alta afinidade por O2, se ligando rapidamente a esta molécula de maneira reversível. As hemácias possuem uma membrana celular maleável, repleta de lipídios e proteínas, o que as faz suscetíveis a deformações. Essa característica é essencial, uma vez que as hemácias possuem um diâmetro maior que o dos capilares do corpo. Conforme elas se movem na corrente sanguínea o oxigênio é liberado para os tecidos, o que ocorre nos capilares, carregando consigo o gás carbônico que será liberado no pulmão.

As hemácias são constantemente produzidas pela medula óssea dos maiores ossos do corpo. O processo que gera novas hemácias se chama eritropoese e ele dura 7 dias. Neste período, células tronco multipotentes se convertem em glóbulos vermelhos maduros, que tem uma sobrevivência média de 120 dias no sangue. Depois deste período, as hemácias sofrem uma morte celular programada, sinalizando em sua membrana moléculas de morte que são reconhecidas por macrófagos presentes no fígado, baço e linfonodos. A taxa de morte e produção costuma ser constante e similar em indivíduos saudáveis. Nota-se, ainda, que populações vivendo em grandes altitudes possuem uma maior quantidade de hemácias no sangue, uma vez que nestes locais o ar é mais rarefeito, contendo menos moléculas de oxigênio por volume. Essa adaptação pode ocorrer temporariamente em pessoas que morem no nível do mar e que viajem para locais altos.

A anemia é uma doença caracterizada pela redução na quantidade de hemácias ou de hemoglobina, resultando em menor transporte de oxigênio. Ela pode ter causas genéticas ou nutricionais, associada a deficiência de ferro. A Talassemia, por exemplo, é uma condição genética hereditária que resulta na baixa produção de hemoglobina. Algumas doenças parasitarias também afetam os glóbulos vermelhos, como é o caso da malária. Nela, o parasita se desenvolve no interior da hemácia, se alimentando da hemoglobina e causando a ruptura da célula, o que gera graves crises de febre de maneira cíclica.

Nas transfusões de sangue há uma troca de glóbulos vermelhos entre pessoas, podendo estes estarem concentrados ou juntos com o plasma. Antes de uma transfusão, o sangue do doador é testado para doenças virais, como hepatite e HIV, e possui seu tipo determinado (sistema ABO e fator Rh).

Referências:

Steck, T. L. (1974). The organization of proteins in the human red blood cell membrane: a review. The Journal of cell biology62(1), 1.

Storz, J. F., & Moriyama, H. (2008). Mechanisms of hemoglobin adaptation to high altitude hypoxia. High altitude medicine & biology9(2), 148-157.

Weiss, G., & Goodnough, L. T. (2005). Anemia of chronic disease. New England Journal of Medicine352(10), 1011-1023.

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