A proliferação de algas microscópicas, marinhas ou de água doce, pode causar diversos problemas para o homem e para o ecossistema como um todo. Quando a proliferação dessas algas é grande, o fenômeno é designado por HABs: Harmful Algal Blooms (proliferações nociva de algas).
A contaminação esporádica de animais filtradores, como os moluscos bivalves, por biotoxinas pode causar intoxicações agudas nos seres humanos, embora aparentemente não afetando o animal contaminado. Neste caso, a proliferações das algas pode ser tão pequena que não chega a alterar a cor da água. O fenômeno da floração é devido essencialmente a microalgas do grupo dos dinoflagelados, as quais, em sua maioria, são planctônicas e cujas toxinas atingem os homens diretamente através de moluscos bivalves.
Biointoxicação por moluscos bivalves é como se denominam os processos patológicos produzidos pela ingestão desses animais contendo em seus tecidos toxinas, as quais são sintetizadas por microalgas planctônicas. Estes processos são diferentes das intoxicações provocadas pelo consumo de moluscos bivalves contaminados com bactérias ou parasitos, por radiatividade ou compostos químicos, ou ainda daqueles decorrentes de hipersensibilidade do consumidor.
As biotoxinas causadoras de intoxicações são substâncias sintetizadas pelo fitoplâncton, pelo fitobentos ou por macroalgas. Uma vez sintetizadas, são ingeridas pelos consumidores de plâncton ou bentos. Estes, em seu processo de filtração-alimentação, absorvem as biotoxinas suspensas junto a outras partículas orgânicas e inorgânicas no meio marinho, as quais são acumuladas nos tecidos, na glândula digestiva ou no hepatopâncreas. Esta capacidade de acumular as biotoxinas é o que dá aos moluscos bivalves relevância especial como causadores de intoxicação dos seres humanos que os consomem.
Os moluscos bivalves contaminam-se com as biotoxinas marinhas por via digestiva, e o grau de contaminação depende de sua capacidade filtradora, e esta, por sua vez, do estado fisiológico em que se encontra; assim, os mexilhões e ostras são sempre os animais mais afetados, porque sua capacidade filtradora é maior que a de outros moluscos.
Distinguem-se cinco tipos de biotoxinas encontradas em moluscos bivalves, as quais se relacionam com outros tantos grupos de toxinas. Quatro deles, os das biointoxinas PSP (toxina paralisante de bivalves), NSP (neurotoxina de bivalves), DSP (toxina diarreica de bivalves) e VSP (venerupino), são sintetizados por dinoflagelados pertencentes aos gêneros Gonyaulax, Gimnodinium e Pyrodinium. Constitui exceção a biotoxina ASP (toxina amnésica de bivalves), produzida por diatomáceas.
Referências:
Barbieri, E. O perigo das biotoxinas marinhas. As biotoxinas marinhas são causadoras de uma forma de intoxicação associada ao consumo de frutos do mar, principalmente moluscos e crustáceos. São Paulo / 2009.
Landsberg, J.H. (2002). Effects of algal blooms on aquatic organisms. Rev. Fish. Sci., 10 (2): 113-390.
Vale, P. (2004). Biotoxinas marinhas. Rev. Port. Vet. 99: 3-18.