Como aumentar o prazo de conservação dos alimentos com embalagens adequadas

Por Samira Pirola Santos Mantilla

Doutorado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (UFF, 2010)
Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (UFF, 2006)
Graduação em Medicina Veterinária (UFF, 2005)

Categorias: Saúde
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

Para aumentar o prazo de vida comercial dos alimentos é possível modificar a atmosfera no interior da embalagem, por meio da substituição dos gases que envolvem os alimentos. Essa substituição é conhecida como técnica da Embalagem em Atmosfera Modificada (EAM) e pode ser feita de forma ativa ou passiva, dependendo da tecnologia empregada, conforme veremos neste artigo. O aumento da validade comercial do produto está relacionado ao efeito inibitório do gás carbônico sobre os microrganismos e à redução ou remoção do oxigênio do interior da embalagem.

Embalagem em Atmosfera Modificada (EAM)

A utilização de EAM para estender a validade de alimentos é reconhecida há muitos anos. A primeira grande aplicação comercial foi em 1974, pela companhia francesa SCOPA, que comercializou carnes embaladas com essa técnica. Hoje em dia, os alimentos embalados em EAM incluem carnes cruas e cozidas, frango, peixe, crustáceo, vegetais, frutas, batatas, café, chá e outros (CHURCH, 1994).

A adoção da tecnologia da Embalagem em Atmosfera Modificada (EAM) proporciona aumentos significativos na validade de alimentos frescos e curados, pois segundo Floros e Matos (2005) reduz as alterações fisiológicas, químicas/bioquímicas e físicas indesejáveis nos alimentos e controla o crescimento microbiano. Com o seu uso é possível, então, reduzir as perdas com alimentos deteriorados e aumentar a distribuição de produtos de alta qualidade.

A forma mais comum de EAM é a embalagem a vácuo, que tem sido usada tanto para carnes processadas como em cortes frescos. As misturas gasosas utilizadas contém os gases CO2, N2 e O2 em uma variedade de combinações, onde o N2 é usado apenas como um gás de enchimento, quimicamente inerte. Estes sistemas usam filmes de embalagem com barreira ao O2 e são mantidos, durante a estocagem e na distribuição a 4°C (HOLLEY, GILL, 2005).

Comercialmente, o sistema de embalagem em atmosfera modificada mais utilizado para embalar carne fresca utiliza altas concentrações de O2 para manter a cor vermelha da carne em combinação com CO2 para controlar/reduzir a contaminação microbiana, normalmente 60-80% O2 / 20-40% CO2 (EILERT, 2005).

Modificação ativa da atmosfera da embalagem de alimentos

A modificação ativa da atmosfera no interior da embalagem envolve duas técnicas diferentes: gás flushing e vácuo compensado.

Na técnica do gás flushing o gás é introduzido continuamente na embalagem diluindo o ar presente, sendo, no fim, a embalagem selada. Na técnica do vácuo compensado ocorre a passagem do produto por uma bandeja e remoção do ar. O vácuo é rompido pela mistura de gases apropriada e a embalagem é selada com calor. A vantagem deste último método é a maior eficiência na remoção do O2 a níveis residuais menores que 1% (SMITH et al., 1990).

Modificação passiva da atmosfera da embalagem de alimentos

O princípio de conservação de vegetais por meio de EAM é diferente daqueles produtos que não respiram, como carne, massas e queijos, pois diferentemente dos outros alimentos, estes produtos continuam respirando após a colheita e durante a sua comercialização (SARANTÓPOULOS, 1997). Assim, a técnica da EAM utilizada nos vegetais é a modificação passiva da atmosfera que envolve o alimento e elas ocorrem como consequência da respiração ou do metabolismo de microorganismos presentes no alimento (BLAKISTONE, 1999).

Depois do processo de embalagem, as frutas e hortaliças consomem O2 e produzem CO2 e vapor d’água, modificando a atmosfera e se houver um equilíbrio entre o O2 e o CO2 no interior da embalagem, poderá ser criada passivamente uma atmosfera favorável (PARRY, 1993).

Referências Bibliográficas:

BLAKISTONE, B. A. Principles and applications of modified atmosphere packaging of Foods. New York: Chapman & Hall, 1999. Disponível em:<https://books.google.com.br/> . Acesso em: 11 maio 2017.

CHURCH, N. Developments in modified-atmosphere packaging and related technologies. Trends in Food Science e Technology, v. 5, p. 345-352, 1994.

EILERT, S. J. New packaging technologies for the 21st century. Meat Science, v. 71, n. 1, p. 122-127, 2005.

FLOROS, J. D.; MATSOS, K. I. Introduction on modified atmosphere packaging. In: HAN, J. H. Innovations in food packaging. 2005. Disponível em:<https://books.google.com.br> . Acesso em: 11 maio 2017.

HOLLEY, R. A.; GILL, C. O. Usos da embalagem em atmosfera modificada para carnes e produtos cárneos. Palestra. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE CARNES, 3., 2005, Campinas. Anais... Campinas: CBCTC, 2005.

PARRY, R. T. Introduccíon. In: PARRY, R. T. Envasado de los alimentos em atmosfera modificada. Madrid: A. Madrid Vicente, 1993. p. 13-31.

SMITH, J. P. et al. Developments in food packaging technology. Part II: storage aspects. Trends in Food Science e Technology, v. 1, p. 111-118, 1990

SARANTÓPOULOS, C. I. G. L. Embalagens para vegetais minimamente processados – Fresh Cut. Boletim de Tecnologia e Desenvolvimento de Embalagens, v. 9, n. 5, p. 4, 1997.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!