A embolia amniótica consiste em um distúrbio obstétrico raro, porém extremamente grave. Aproximadamente 80% das gestantes acometidas por este distúrbio falecem e parte das que sobrevivem apresentam sequelas neurológicas.
Foi em 1941 que Steiner e Luschbaugh descreveram este distúrbio pela primeira vez, após encontrarem restos fetais na circulação pulmonar de mulheres que morreram durante o parto.
Estima-se que este complicação obstétrica ocorra em 1 a cada 8.000 a 80.000 partos, embora pesquisas mais recentes apontam mais precisamente a ocorrência da embolia amniótica em 1 a cada 20.464 partos.
Ainda não se sabe exatamente qual a causa desta patologia. Anteriormente acreditava-se que a avançada idade materna tinha relação com a ocorrência de embolia amniótica; todavia, estudos recentes evidenciaram que não há. A causa mais aceita é a de que no momento em que as células fetais e conteúdos do líquido amniótico entram em contato com a corrente sanguínea da mãe, levando à alteração respiratória, cianose, choque cardiovascular seguido por convulsões e coma profundo. Sabe-se que a evolução deste distúrbio se dá em duas fases.
Na primeira fase, a paciente apresenta falta de ar aguda e hipotensão. Rapidamente, há a evolução para parada cardíaca, com consequente redução da perfusão cardíaca e pulmonar.
Quando as pacientes sobrevivem à primeira fase, entram na segunda, que se caracteriza pela presença de intensa hemorragia, atonia uterina e coagulação intravascular disseminada (CID). Esta fase também vem acompanhada por tremores, vômito, tosse e sensação de mau gosto na boca.
O típico quadro clínico da embolia amniótica é o de uma gestante nos últimos estágios do parto que apresenta dispneia aguda com hipotensão, com subsequente parada cardíaca, hemorragia devido à CID e, por conseguinte, morte. A maior parte das pacientes falece ainda na primeira hora de evolução do distúrbio.
Algumas pacientes também podem apresentar tosse, convulsões tônico-clônicas, cianose, bradicardia fetal, sinais de edema pulmonar e atonia uterina.
Tradicionalmente, o diagnóstico é feito durante a autópsia, a qual evidencia a presença de células fetais na circulação pulmonar materna. Em uma paciente que está em estado grave, uma amostra de sangue colhido diretamente da artéria pulmonar da mãe que aponte presença de células fetais é considerado um indicativo, mas não um diagnóstico para a embolia amniótica. O diagnóstico é feito por meio da exclusão de outras afecções, com base no quadro clínico apresentado pela paciente. Dentre o diagnóstico diferencial estão:
- Anafilaxia;
- Dissecção aórtica;
- Embolia colesterolêmica;
- Infarto miocárdico;
- Tromboembolismo pulmonar;
- Choque séptico;
- Placenta prévia;
- Síndromes aspirativas.
O tratamento realizado é de suporte. Quando a paciente evolui para parada cardiorrespiratória, não respondendo às manobras de ressuscitação, deve-se realizar a cesariana o mais rápido possível.
Fontes:
http://boasaude.uol.com.br/realce/showdoc.cfm?libdocid=15949&ReturnCatID=20024
http://www.medcenter.com/Medscape/content.aspx?bpid=103&id=921
http://en.wikipedia.org/wiki/Amniotic_fluid_embolism
http://emedicine.medscape.com/article/253068-overview
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/saude/embolia-amniotica/