A hidroterapia é usada desde o princípio da medicina, onde já se sabia da eficácia do frio e calor em relação ao alivio de tensões e tratamento para analgesia, tendo relatos e descrições desde o ano 500 a.C. A partir das aplicações ao longo do tempo, foram sendo desenvolvidos estudos e técnicas específicas para a reabilitação e alivio de dores. Através desses estudos, descobriram-se muitas propriedades da água, não se restringindo apenas à propriedade analgésica.
A hidroterapia é um conjunto de técnicas utilizadas afim de recuperar e reabilitar o movimento humano. A abordagem ocorre de forma multidisciplinar, uma vez que a técnica é muito indicada como tratamento por médicos de todas as áreas de atuação, sendo abordada pelo fisioterapeuta a partir do diagnóstico previamente encaminhado pela equipe médica. A hidroterapia pode ser utilizada de diversas formas como tratamento e prevenção de patologias, onde podemos citar as seguintes aplicações: hidroterapia (via oral), turbilhão, crenoterapia, crioterapia, saunas, hidromassagem, fisioterapia aquática ou hidrocinesioterapia, entre outras formas de aplicação.
Dentre as propriedades da água, podemos citar algumas que acabam facilitando o trabalho do fisioterapeuta, como:
- Força de empuxo: força que atua no sentido contrário à gravidade. Resume-se na capacidade de flutuação, facilitando assim o trabalho da fisioterapia no que tange ao fortalecimento muscular, melhora de mobilidade, melhora do retorno venoso, além do relaxamento pela temperatura.
- Tensão superficial: resistência gerada ao movimento. Tem boa aplicabilidade quando o músculo se encontra extremamente fraco ou ausente.
- Pressão hidrostática: é a pressão exercida na massa submersa. Quando a massa imersa permanecer estática, a pressão será distribuída igualmente em todos os lados, porém quando o corpo estiver em movimento, a pressão distribuir-se-á conforme a profundidade alcançada. A pressão hidrostática possui propriedades benéficas como o aumento do débito cardíaco, aumento da diurese e o aumento da pressão pleural.
- Impacto: devido à baixa velocidade na execução de movimentos, o impacto é extremamente reduzido quando comparados aos exercícios feitos no solo, fazendo com que a atividade se torne mais confortável e reduzindo os riscos de lesão durante a execução.
Dentre esses benefícios, podem ser citadas também como benefício a diminuição de sensibilidade nervosa devido à temperatura, aumento de vasodilatação, aumento da atividade glandular, melhora na capacidade cardíaca e respiratória, aumento do gasto de suprimento energético, diminuição drástica da dor e espasmos musculares, facilitação para execução de alongamentos, melhora do alongamento, melhora das ADM’s, redução da fadiga muscular, reabilitação com pouquíssimo impacto, melhora fadiga muscular, entre outros benefícios.
Algumas técnicas são utilizadas com maior especificidade, conforme cada caso. Os principais métodos são:
- Halliwick: essa técnica teve início em 1949 e tem sido muito utilizada em tratamentos pediátricos ou adultos com distúrbios e disfunções neurológicas, assim como patologias psicossomáticas. Baseia nos princípios de adaptação ambiental, restauração de equilíbrio, inibição e facilitação de movimento.
- Bad Ragaz: é um método utilizado dentro dos planos anatômicos, afim de que a resistência e estabilidade sejam oferecidos pelo fisioterapeuta. O paciente é posicionado sobre flutuadores, podendo ser utilizados de forma ativa ou passiva em todas as especialidades.
- Watsu: também denominado como “shiatsu na água”, são utilizados alongamentos e mobilizações afim de promover o relaxamento.
- Hidrocinesioterapia: consiste em um conjunto de técnicas que serão aplicadas a partir da imersão ou da permanência na lâmina d’água, podendo estar associada à terapia manual, manipulações, mobilizações, massoterapia, hidromassagens, buscando a reabilitação e a melhora na qualidade do movimento, facilitando assim a realização das AVD’s.
O ambiente da hidroterapia deve ser pensado afim de proporcionar conforto e acessibilidade ao paciente. Os equipamentos utilizados podem ser produzidos de EVA ou outros materiais resistentes à degeneração natural causada pela água. Porém devem ser feitas considerações no que tange à indicação e contra-indicação da hidroterapia:
Indicações | Contra-indicações |
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Apesar de muito se falar em hidroterapia, muitos estudos ainda podem ser desenvolvidos afim de melhorar a aplicabilidade das técnicas e a efetividade científica que as mesmas proporcionam.
Bibliografia:
http://www.pucrs.br/reabil/fisio-aqua.php - Hidroterapia, Hidrocinesioterapia ou Fisioterapia Aquática: Uma Opção Inteligente.
MOOR, F.B; PETERSON, S.C; MANWELL, E.M; NOBLE, M.F; MUENCH, G. Manual de hidroterapia e Massagem. 2ª edição. Casa Publicadora Brasileira. Santo André. 1980.
Skninner, A. T e Thomson, A.M. Duffield – Exercícios na água. 3ª edição. Ed. Manole, 1985.