A imunização é um conjunto de métodos terapêuticos destinados à aquisição de proteção imunológica contra doenças de caráter infeccioso. É uma ferramenta comprovada para controle e eliminação de doenças infecciosas que ameaçam a vida e estima-se evitar entre 2 e 3 milhões de mortes a cada ano.
O desenvolvimento do primeiro método de imunização é atribuído ao médico inglês Edward Jenner no final do século XVIII. Jenner comprovou que a varíola bovina conferia proteção contra a varíola humana, inoculando em seres humanos material obtido das lesões da varíola das vacas. Procedimentos de imunização contra varíola, parecidos ao elucidado por Jenner, já eram usados popularmente na China, no Sudão e em outros países. A esse processo deu-se o nome de variolação, e mais tarde, após os experimentos de Louis Pasteur, ficou conhecido por vacinação.
Os processos que conferem imunidade podem ser classificados como imunidade passiva e imunidade ativa. A imunidade passiva é a imunização por meio da transferência de anticorpos específicos de um indivíduo imunizado para um não-imunizado. A imunidade passiva é natural quando há transferência de anticorpos da mãe para o filho via placenta ou pela amamentação; é artificial quando há a passagem de anticorpos prontos em soros. A imunidade ativa é aquela produzida pelo corpo após exposição a um antígeno. Assim, o indivíduo imunizado tem um papel ativo na geração da resposta imunológica. A imunidade ativa pode ser natural, quando adquirida através de doença, ou passiva, quando adquirida por meio de vacinas.
A maioria das vacinas são administradas profilaticamente, ou seja, antes da exposição ao patógeno. No Brasil, a vacinação é ação usual nos serviços de atenção primária à saúde, e apresentam grande influência nas condições gerais de saúde, especialmente na saúde da criança. Os processos de vacinação representam expressivo avanço tecnológico nas últimas décadas, e são considerados procedimentos eficazes na prevenção a doenças.
As vacinas podem ser classificadas de acordo com os diferentes processos em que foram elaboradas. Elas podem conter patógenos vivos atenuados (enfraquecidos ou alterados); patógenos inativos ou mortos; toxinas inativadas (doenças bacterianas causadas por toxinas); ou simplesmente segmentos do patógeno (isso inclui tanto subunidade quanto vacinas conjugadas).
Classificação das vacinas | Tipos de vacinas |
Vivos atenuados | Tetra viral (catapora, caxumba, rubéola e sarampo) Sabin (poliomielite) BCG (tuberculose) Febre amarela Herpes zóster (Varicella-Zoster) |
Inativos | Raiva Hepatite A |
Toxoides (toxinas inativadas) | Difteria e tétano (partes da vacina DPT) |
Subunidades/conjugadas | Coqueluche (parte da vacina DPT) Papilomavírus humano (HPV) Hepatite B Influenza Haemophilus influenza type b (Hib) Pneumococo Meningococo |
As vacinas podem causar reações locais e sistêmicas, tais como: dor, edema, eritema, febre, mal-estar, erupções cutâneas, dores de cabeça e musculares, e anorexia. Em raros casos podem ocasionar reações alérgicas. Normalmente, as vacinas são contra-indicadas para aqueles que têm alergias aos componentes da formulação e/ou que apresentaram reação alérgica numa primeira dose. Pessoas com doenças agudas moderadas ou graves devem evitar também. As vacinas de patógenos vivos atenuados não são indicadas a mulheres grávidas, pacientes imunossuprimidos, e que receberam transfusão de componentes sanguíneos. Com relação a pacientes HIV positivos assintomáticos, eles podem receber todas as vacinas do esquema básico, já os doentes com AIDS, não podem receber a vacina BCG contra tuberculose.
Em alguns países, há um movimento crescente contrário a vacinação. Algumas organizações e muitos pais afirmam que as vacinas podem causar autismo, apesar de não existirem estudos comprovando tal relação. No entanto, a comunidade científica vem publicando estudos demonstrando a inexistência de relação entre a vacinação e o aumento de casos de autismo.
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) é citado como referência mundial pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial de Saúde (OMS). O PNI, criado em 18 de setembro de 1973, mostra resultados e avanços consideráveis, que estão muito além do que foi conseguido por outros países. Desde as primeiras vacinações, em 1804, o Brasil desenvolveu estratégias diversas que erradicaram algumas doenças e controlaram outras tantas.
Referências bibliográficas:
Jain, A., Marshall, J., Buikema, A., Bancroft, T., Kelly, J. P., Newschaffer, C. J. Autism occurrence by MMR vaccine status among US children with older siblings with and without autism. JAMA. 2015. 313(15):1534-1540.
Brasil – Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Imunização. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/livro_30_anos_pni.pdf>
Figueiredo, G. L. A., Pina, J. C., Tonete, V. L. P., Lima, R. A. G., Mello, D. F. Experiências de famílias na imunização de crianças brasileiras menores de dois anos. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011. 19(3): 08 telas.
Ghaffar, A., Haqqi, T. Imunização. Disponível em: <http://www.fcav.unesp.br/Home/departamentos/patologia/HELIOJOSEMONTASSIER/ed-12-vacinas-e-imunoterapia.pdf>
Immunization. World Health Organization. Disponível em: <http://www.who.int/topics/immunization/en/>
Temporão, J. G. O Programa Nacional de Imunizações (PNI): origens e desenvolvimento. Hist. cienc. saude-Manguinhos. 2003. 10 (2): 601-617. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-59702003000500008>
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/saude/imunizacao/