Por Débora Carvalho Meldau
O mercúrio é um metal naturalmente encontrado na forma líquida, que se volatiliza com facilidade. Quando este é aquecido, transforma-se em um vapor incolor, inodoro e insípido. Ao passo que a temperatura sobe, a evaporação do mercúrio é acelerada.
O mercúrio metálico é responsável por uma enorme quantidade de casos de intoxicações agudas e crônicas, resultando em graves sequelas e até mesmo óbitos.
Acredita-se que aproximadamente 90 profissões estejam expostas ao mercúrio. Neste grupo estão englobadas inúmeras indústrias, como as de cloro-soda, equipamentos eletrônicos, termômetros, lâmpadas fluorescentes e neon, amálgama odontológico, produção de polpa de papel, tintas e corantes, garimpo de outro e prata, indústrias de jóias, medicamentos, prateação de espelhos, manufatura de tintas, produção de desinfetantes, explosivos, laboratório químico/fotográfico, conservantes de madeiras, refinaria de petróleo, indústrias de cosméticos e perfumes, conservação de peles de animais, na produção de inseticidas, herbicidas, fungicidas utilizados na agricultura, entre outros.
Este tipo de intoxicação pode decorrer do mercúrio existente no amálgama em indivíduos que sofreram este tipo de obturação, devido à presença contínua do amálgama. Pode ocorrer também durante a troca de uma obturação antiga por outra, havendo a liberação do mercúrio em forma de vapor e pó, com possibilidade de contaminar não somente o paciente, mas também os profissionais presentes no ambiente.
O mercúrio adentra o organismo por meio da via inalatória (80% dos casos), cutânea e digestiva. Após ser absorvido, este metal migra para a corrente sanguínea, sendo depositado em órgãos como o fígado, rins, tireóide, testículos, membranas do trato intestinal, glândulas salivares, medula óssea, baço, sistema nervoso central (SNC), além de apresentar a capacidade de transpor a barreira placentária, podendo atingir fetos em mulheres gestantes. Este metal pode interferir no metabolismo e funções das células, pois apresentam capacidade de inativar enzimas, além de possuírem propriedades cáusticas.
As manifestações clínicas causadas pela intoxicação por mercúrio abrangem: dor intensa, vômitos, coloração acinzentada da boca e faringe, sangramento das gengivas, sabor metálico na boca, ardência no trato digestivo, diarréia severa ou sanguinolenta, estomatite, glossite, nefrose, graves problemas hepáticos, problemas nervosos, caquexia, anemia, hipertensão e até possibilidade de alteração cromossômica.
O diagnóstico dessa patologia é difícil, uma vez que a sintomatologia sugere diversas outras doenças.
Para evitar a ocorrência da intoxicação por mercúrio, a adoção de algumas medidas pode ser de grande valia, como:
- Evitar o consumo de frutos do mar que possui maior propensão de acúmulo desse metal, como tubarão, peixe espada, cavala, filé de atum, cação e arenque, dando preferência para os de menor contaminação, como camarão, truta, salmão, atum enlatado e haddock.
- Ver com o seu dentista a possibilidade da substituição do amálgama por outro produto;
- Dar preferência para alimentos orgânicos.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/saude/intoxicacao-por-mercurio/