Os frutos do mar são produtos comestíveis extraídos do mar ou de água doce (como crustáceos, moluscos e outros pequenos animais), com exceção dos peixes. Os moluscos bivalves, como ostras e mexilhões, são animais filtradores, por isso podem se contaminar com microrganismos patogênicos, metais pesados e outras substâncias nocivas à saúde. Além disso, eles podem se alimentar de algas produtoras de toxinas, ocasionando intoxicações nos seres humanos conhecida como biointoxicação por moluscos bivalves.
Conteúdo deste artigo
Tipos de toxinas
Há cinco tipos de biotoxinas encontradas em moluscos bivalves: as biotoxinas paralisantes (PSP - Paralytic Shellfish Poisoning), toxina neurotóxica (NSP - Neurotoxic Shellfish Poisoning), toxina diarreica (DSP - Diarrheic Shellfish Poisoning), venerupino (VSP- Venerupine Shellfish Poison) e a toxina amnésica (ASP - Amnesic Shellfish Poisoning). As quatro primeiras são sintetizadas por dinoflagelados pertencentes aos gêneros Gonyaulax, Gimnodinium e Pyrodinium. E a última é produzida por diatomáceas. A intoxicação neurotóxica por moluscos é causada pela ingestão de toxinas produzidas por dinoflagelados da “maré vermelha” . A cocção dos frutos do mar não previne a doença, pois as toxinas marinhas em geral são termolábeis (OLSON, 2014; BARBIERI, 2017).
Sintomas
A ingestão de frutos do mar contaminados pode causar diferentes sintomas, dependendo do tipo de toxina presente, de sua concentração e quantidade de produto consumido.
A intoxicação paralisante por moluscos (PSP), é causada pelas toxinas chamadas saxitoxinas (STXs), consideradas as mais poderosas toxinas marinhas. Os sintomas são neurológicos como formigamento/dormência de face, dos membros, queimação, sonolência, fala incoerente, coordenação muscular prejudicada, sensação de flutuação e paralisia respiratória. Como a toxina é muito potente, a pessoa pode vir a óbito em 2 a 25 horas após o consumo. Não há antídoto para a toxina, sendo a respiração artificial o único tratamento disponível (SOUZA et. al., 2015; SÃO PAULO 2017).
Por outro lado, os sintomas associados a Toxina Diarréica de Frutos do Mar (DSP); Toxina Neurotóxica de Frutos do Mar (NSP) e a Toxina Amnésica de Frutos do Mar (ASP), não são bem caracterizados (SÃO PAULO 2017).
A toxina diarreica causa sintomas gastrointestinais como vômitos, náuseas, diarréia com dor abdominal, calafrios, dor de cabeça e febre. Já a toxina neurotóxica causa sintomas gastrointestinais e neurológicos. A intoxicação amnésica ocasiona desordem gastrointestinal e problemas neurológicos como perda de memória, desorientação e coma (SÃO PAULO 2017).
A intoxicação por venerupino causa um quadro hemorrágico (nasal, digestivo e cutâneo) e hepatotóxico (encefalopatia), após um período de 24 a 48 horas, com anorexia, halitose, náuseas, vômitos, dores gástricas, constipação e dores de cabeça (SOUZA et. al., 2015).
Como prevenir?
A melhor forma de prevenção desses tipos de intoxicações é evitar o consumo de frutos do mar oriundos de regiões onde há concentração de algas ou da chamada "maré vermelha". Pessoas imunodeprimidas devem evitar o consumo de frutos do mar, por possuírem uma deficiência no sistema de defesa do organismo. Além disso, as áreas de risco devem ser monitoradas e a vigilância epidemiológica deve dar suporte para a investigação de casos e identificação das causas.
Referências Bibliográficas:
BARBIERI, E. O Perigo das Biotoxinas Marinhas. Disponível em <http://www.infobibos.com/Artigos/2010_4/biotoxinas/index.htm>. Acesso em: 22 jun. 2017.
OLSON, K. Manual de Toxicologia Clínica - 6ed. 2014. Disponível em <https://books.google.com.br>. Acesso em: 22 jun. 2017.
SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo Centro de Vigilância Epidemiológica - CVE. Manual Das Doenças Transmitidas Por Alimentos Toxinas De Frutos Do Mar E Pescados. Disponível em <http://www.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-epidemiologica/areas-de-vigilancia/doencas-transmitidas-por-agua-e-alimentos/doc/toxinas/frutos_mar.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2017.
SOUZA, D. A. et, al. Cultivo de Moluscos Bivalves: Algas Nocivas e Bases para Programa de Monitoramento de Ficotoxinas em Fazenda de Maricultura de Arraial do Cabo, RJ. Boletim do Observatório Ambiental Alberto Ribeiro Lamego, Campos dos Goytacazes/RJ, v.9 n.1, p. 119-139, jan./jun. 2015. Disponível em< https://www.researchgate.net/publication/294104906_Cultivo_de_Moluscos_Bivalves_Algas_Nocivas_e_Bases_para_Programa_de_Monitoramento_de_Ficotoxinas_em_Fazenda_de_Maricultura_de_Arraial_do_Cabo_RJ>. Acesso em: 22 jun. 2017.