Janela imunológica é o nome dado ao período de tempo que o corpo humano leva para responder à presença de agentes infecciosos com anticorpos, em níveis detectáveis em exames de sangue. O termo janela imunológica é muito usado para doenças sexualmente transmissíveis como o vírus HIV e as hepatites virais, mas também é usado para outras doenças como a doença de Chagas.
Diferentemente da janela imunológica, a janela clínica ou período de incubação é o período que compreende desde o momento da infecção até o aparecimento dos primeiros sintomas e/ou sinais clínicos da doença.
O período de identificação do contágio pelo patógeno depende do tipo de exame diagnóstico que é feito (quanto à sensibilidade e especificidade) e da reação do organismo do indivíduo. Assim, a janela imunológica para a infecção do HIV (vírus da imunodeficiência humana) é de aproximadamente 22 dias, podendo variar de 15 a 60 dias. Para hepatite C pode variar de 49 a 70 dias. Para a hepatite B este período pode variar de 30 a 60 dias, quando o antígeno da hepatite B se torna detectável. A janela imunológica para HTLV (vírus T-linfotrópico humano) tipo 1 é de 51 dias, podendo variar de 20 a 90 dias. Para a sífilis, a janela imunológica varia de acordo com a fase clínica da doença.
O conhecimento do período de janela imunológica das doenças é muito importante, principalmente para doações e transfusões sanguíneas. Porque, embora os hemocentros testem o sangue doado para as doenças transmissíveis conhecidas, existe o período de janela imunológica, no qual um doador contaminado pode apresentar resultados negativos. Para evitar que os pacientes que vão receber as transfusões sejam contaminados são feitas triagens e questionários e é preciso que o doador passe informações verdadeiras.
Em 2002, foi homologado no Brasil o uso dos testes de amplificação de ácidos nucleicos (NAT). Este teste oferece diagnóstico precoce às doenças transmissíveis, pois detecta a infecção na fase aguda, diminuindo a janela imunológica. O NAT também é utilizado na triagem de doadores de sangue, com o objetivo de aumentar a segurança do sangue e de hemoderivados.
Resultados Falso-Negativos e Janela Imunológica
Os exames com resultados falso-negativos tornaram-se conhecidos devido a epidemia de AIDS (Síndrome da imunodeficiência adquirida) na década de 1980. Tanto para exames de HIV quanto para outras doenças transmissíveis, o resultado poderia ser negativo num primeiro exame, e tempos depois, quando é feita uma repetição, o resultado dá positivo. Isso acontece devido à janela imunológica. Muitas vezes, o paciente realiza o exame assim que desconfia que possa ter sido infectado com algum vírus ou outro patógeno, mas como o corpo ainda não produziu uma resposta àquela infecção, o resultado do exame dá negativo. Após algum tempo, quando este mesmo paciente repete o exame, o resultado dá positivo, pois seu organismo já produziu resposta contra a infecção e esta resposta já é detectável por exames laboratoriais.
Referências bibliográficas:
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Brasil. Ministério da saúde. A, B, C, D, E de Hepatites para comunicadores. 2005. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/hepatites_abcde.pdf>
Brasil. Ministério da saúde. Manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV. 2013. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_tecnico_diagnostico_infeccao_hiv.pdf>
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/saude/janela-imunologica/