Encontramos menções de Medicina Social desde o século XVIII. Na Alemanha, Inglaterra, França, citando alguns exemplos, já desenvolviam-se modelos institucionalizados de medidas sociais relacionadas à saúde, de acordo com as necessidades de cada lugar.
Verdadeiramente, a Medicina Social surgiu através das necessidades que ligam ações sanitaristas como: desinfecção urbana, atendimento e acompanhamento da população de baixa renda e menos favorecida e de trabalhadores em geral, regulamentação de residências e centros urbanos, controle higiênico em prisões, hospitais e outros lugares públicos, à ações onde haveria uma maior possibilidade de saúde, organização, conforto, arborização, enfim, modificações que objetivavam um mais harmonioso e inteligente desenvolvimento urbano.
Com o advento da Medicina Social, observa-se também a organização das cidades, adequando-se populações com princípios diretos de higienização, salubridade, controle dos transportes e de diversos animais, tarefas domésticas e destino correto do lixo em geral.
Veremos também que, na época da origem da Medicina Social a preocupação com a descontaminação do ar e da água tornou-se muito grande e geral. Os médicos, também desenvolvendo a função de administradores em saúde, identificavam agentes de contaminação desses dois elementos, os quais eram causadores da disseminação de doenças. Desta forma, procuraram sistemas que permitiriam, uma melhor destinação de dejetos, alargamento de ruas para melhor circulação do ar, e criação de projetos nas cidades ligados intimamente com a urbanização.
Com todas essas ações a Medicina Social buscava construir uma saúde urbana mais centrada em objetivos e resultados que levariam à cidades mais limpas, organizadas, com ações de higiene e sanitaristas, que consequentemente teriam uma população mais saudável e socialmente mais bem vista.
No Brasil, na mesma época, no entanto,não observavam -se ações semelhantes de desenvolvimento, pois, os mesmos comportamentos já estabelecidos em Portugal, foram simplesmente transferidos ao Brasil, sem que houvessem maiores cuidados em relação às condições do país, que eram consideravelmente diferentes dos países já citados, principalmente em relação ao clima, condições geográficas e populacionais.
Somente em 1832, no Rio de Janeiro, surge um projeto, o qual origina o "Código de Posturas", que estabelece determinadas regras sanitaristas para o país. Mas ocorreu uma reação por parte dos médicos, principalmente dos higienistas, que na sua maioria, posicionaram-se contrariamente às regras estabelecidas, pelo motivo de não terem participação efetiva na elaboração de tal código. Nesse momento,os representantes da medicina passaram à pressionar então politicamente, até que interferissem mais efetivamente nas causas de Medicina Social. À partir daí, houve uma junção de opiniões entre poder público e a classe médica , originando um melhor planejamento urbano, com modificações que colidiriam em uma melhor condição de saúde geral.
No século XIX esses mesmos princípios de medicina urbana, já ativos na Alemanha e França eram enfim, discutidos em questões econômicas, populacionais, sanitaristas e urbanísticas.
Intrinsecamente, o que procura-se com a Medicina Social é substancialmente a salubridade social, objetivando-se o bem-estar geral e um controle total da organização urbana.
Referência Bibliográfica:
Rosen, George. Da Polícia Médica à Medicina Social: ensaios sobre a História da assistência médica. Rio de Janeiro: Graal,1979.401.
Cunha de Miranda, Carlos Alberto. Da Polícia Médica à Cidade Higiênica.
Moreira Galvão, Márcio Antônio.Origem das Políticas de Saúde Pública no Brasil-Colônia , 1930.
Montarroyos, Heraldo Elias. O Nascimento da Medicina Social.