Negacionismo é o ato de negar algo ou gravidade de algo, muitas vezes por medo ou falta de preparo para encarar situações difíceis e seus possíveis prejuízos futuros. Em um ambiente negacionista, qualquer evidência científica que bata de frente com negação de uma crise será questionada, mesmo quando apresenta argumentos científicos robustos. Várias teorias conspiratórias são criadas para sustentar um ideal que contradiz a ciência, com o intuito de negar os fatos. Com a falta de embasamento em estudos, a sociedade coloca em evidência questionamentos políticos, religiosos e ideológicos criando certo conflito.
Na pandemia do Covid-19, várias pessoas e diversos governos menosprezaram a doença e sua gravidade, tomando medidas de ação brandas pouco eficazes para combater a doença ou até mesmo não tomando atitude alguma frente a um vírus até então desconhecido. O vírus Sars-CoV-2 possui transmissibilidade muito alta, sendo muitas vezes fatal tanto para pessoas que constam como de grupo de risco, como para pessoas fora deles.
Segundo estudos científicos, a melhor forma de evitar o contágio pelo agente patogênico é através do distanciamento social. Nenhum sistema de saúde, por melhor que seja e por mais preparado que esteja, suporta o quantitativo de pessoas que podem ficar enfermas e com complicações que necessitem de atenção hospitalar. Sendo assim, medidas duras de restrição social acabam por se fazerem necessárias.
Entretanto, o distanciamento social tem um grande impacto negativo na economia, gerando outros problemas que também podem resultar em muitas mortes, principalmente em países com desigualdade social muito alta e pobreza extrema.
Vários fatores impulsionam o negacionismo, como as “fake news” ("notícias falsas", na língua inglesa), que vão muitas vezes contra os fatos científicos, agravando muito a situação da doença. A linguagem científica, por vezes muito técnica, em conjunto com o baixo conhecimento prévio das pessoas sobre questões de ciência, podem interferir naquilo que uma determinada população julgará como sendo um fato verdadeiro ou uma mentira. Muitas vezes, novas evidências científicas alteram drasticamente aquilo que se tinha por verdade até então, fazendo com que leigos, que desconhecem o processo geração de conhecimento científico, tenham sua credibilidade na metodologia científica reduzida.
A contestação do resultado da ciência deve ser estimulada, porém com contraposição de outros argumentos com embasamentos científicos, que possuam estudos prévios sobre o assunto para propor novas visões sobre o assunto em questão. Sem conhecimento do assunto, são grandes as chances de se cometer erros na abordagem de algum tema científico. Para além dessas questões, pode-se considerar também que muitas pessoas não querem acreditar em algum estudo, mesmo que comprovado por evidências científicas, por quererem acreditar naquilo que lhes convêm, muitas vezes apresentando atitudes impositivas e agressivas. Vale destacar que o negacionismo científico não se trata de defender um ponto de vista diferente ou de expor uma opinião divergente, mas de negar fatos já analisados e comprovados.
No Brasil e em alguns outros países do mundo, como nos Estados Unidos, sustentou-se que a pandemia seria uma especulação política para desestruturar e enfraquecer governos, sugerindo a busca da tomada de poder por agentes políticos externos às nações afetadas pelo vírus. Um dos argumentos utilizados para tentar negar a pandemia está o de que fraudes adulteravam para mais o número de casos e de óbitos ocasionados pelo Covid-19: caixões estariam sendo enterrados vazios e laudos médicos falsos estariam sendo produzidos. Especulou-se também que a pandemia foi criada pela implementação da nova rede de comunicações 5G, e que o Sars-CoV-2 não era o agente etiológico das mortes, mas que na verdade o vírus era uma farsa para encobrir as mortes causadas pelos campos eletromagnéticos que surgiram com a nova tecnologia.
O negacionismo pode agravar ainda mais o número de contágios, visto que as pessoas que negam a doença tendem a não se prevenir contra a mesma e permanecem com hábitos que propiciam o contágio pelo vírus.
Referências:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Negacionismo_da_COVID-19
https://brasil.elpais.com/internacional/2020-07-07/a-triste-sorte-dos-negacionistas-da-covid-19.html
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142020000200209&tlng=pt
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/saude/negacionismo-da-covid-19/