Processos de pasteurização do leite

Por Samira Pirola Santos Mantilla

Doutorado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (UFF, 2010)
Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (UFF, 2006)
Graduação em Medicina Veterinária (UFF, 2005)

Categorias: Saúde
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

O leite pasteurizado é o leite natural, integral, desnatado ou semidesnatado que passa por um processo tecnológico térmico capaz de eliminar os micro-organismos patogênicos não-esporulados e reduzir significativamente a microbiota basal sem sofrer alterações sensíveis em suas características físico-químicas, nutritivas e sensoriais originais (ORDÓÑEZ et. al., 2005).

A pasteurização deve ser aplicada ao leite cru quando este for destinado ao consumo humano direto, na forma fluida. E após o tratamento térmico, o leite deve ser submetido ao resfriamento rápido até 4°C, ser envasado em circuito fechado e transportado a temperatura de 4°C para alcançar os pontos de venda com temperatura não superior a 7°C de acordo com a legislação (BRASIL, 2011).

Tipos de pasteurização

A fabricação do leite pasteurizado segue o seguinte fluxograma: controle de matérias-primas, eliminação de impurezas, pasteurização, refrigeração, acondicionamento higiênico, refrigeração e comercialização.

Há duas modalidades para se realizar o tratamento térmico da pasteurização do leite: a pasteurização rápida e a lenta. A pasteurização rápida também conhecida como HTST (High Temperature, Short Time) é realizada em fluxo contínuo com trocadores de calor entre 72 e 78°C por 15 a 20 segundos, em equipamento de pasteurização a placas. Depois da pasteurização, o leite sofre um resfriamento imediato até 4°C para inibir a multiplicação dos micro-organismos sobreviventes. Posteriormente, realiza-se o envase em circuito fechado (ORDÓÑEZ et. al., 2005; SANTANA, 2015).

Já a pasteurização lenta (LTH - Low Temperature Holding) é usada para pequenos volumes de leite, por exemplo 100 a 500 litros, sendo que a temperatura utilizada é de 62 a 65°C por 30 minutos (ORDÓÑEZ et. al., 2005).

Nos dois casos, o leite pasteurizado deve apresentar teste negativo para a enzima fosfatase alcalina e teste positivo para a enzima peroxidase, além de enumeração de coliformes a 30/35ºC menor do que 0,3 NMP/mL da amostra (BRASIL, 2011).

As enzimas fosfatase alcalina e peroxidade estão presentes naturalmente no leite, porém a peroxidase é a mais termorresistente que a fosfatase alcalina, resistindo a 85°C por 20 segundos, e se ela não foi inativada no processo significa que não foram ultrapassadas as condições estabelecidas para o tratamento assegurando, então, uma boa retenção de nutrientes e modificação mínima das propriedades originais físico-químicas e sensoriais do leite (ORDÓÑEZ et. al., 2005).

Microrganismos resistentes à pasteurização do leite

Os principais micro-organismos que podem sobreviver ao processo de pasteurização do leite são os termodúricos. Entre eles estão as bactérias esporuladas (p. ex: Bacillus spp.), termófilas não esporuladas (p. ex: Streptococcus thermophlius) e mesófilos com elevada termorresistencia (p. ex.: Microbacterium lacticum e algumas espécies de enterococcos). A maioria desses micro-organismos não compromete a validade comercial do leite pasteurizado visto que  não se multiplicam sob temperatura de refrigeração do leite (6 a 8°C) (ORDÓÑEZ et. al., 2005; SANTANA, 2015).

As enterobactérias e as bactérias psicrotróficas Gram-negativas não deveriam ser encontrados no leite pasteurizado, pois os dois grupos são muito termolábeis e portanto destruídas durante o tratamento térmico. Caso haja a contaminação do leite após o processo de pasteurização, essas bactérias podem ser encontradas e por se tratar de microrganismos psicrotróficos são os que têm maior possibilidade de se proliferar durante o armazenamento e portanto causar alteração no produto (ORDÓÑEZ et. al., 2005).

Referências Bibliográficas:

BRASIL, MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO  Instrução Normativa Nº 62, De 29 De Dezembro De 2011. Disponível em:<http://www.leitedascriancas.pr.gov.br/arquivos/File/legislacao/IN62_2011_MAPA.pdf>. Acesso em 15 maio 2017.

ORDÓÑEZ, J.A. et. al. Tecnologia de Alimentos: Componentes dos Alimentos e Processos. Porto Alegre: Artmed; 2005.

SANTANA, E., H. W.. Pasteurização: qual a importância deste processo para o leite? Disponpivel em <https://www.milkpoint.com.br/industria/radar-tecnico/microbiologia/pasteurizacao-qual-a-importancia-deste-processo-para-o-leite-94246n.aspx>. Acesso em 15 maio 2017.

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!