O resíduo industrial é um dos maiores responsáveis pelas agressões ao ambiente. Nele podem estar incluídos produtos químicos (cianureto, pesticidas, solventes), metais (mercúrio, cádmio, chumbo) e solventes químicos, que ameaçam os ciclos naturais onde são despejados.
Dentre os metais citados, o chumbo merece destaque, o que se deve ao seu elevado percentual de descarte e à toxicidade que apresenta quando em contato com organismos vivos. O chumbo (do latim plumbum) é um elemento químico de símbolo Pb, número atômico 82 (82 prótons e 82 elétrons), com massa atômica igual a 207,2 u.m.a., pertencente ao grupo 14 da classificação periódica dos elementos químicos. À temperatura ambiente, o chumbo encontra-se no estado sólido (FELTRE, 1990).
Os resíduos sólidos geralmente são amontoados e enterrados; os líquidos são despejados em rios e mares; os gases são lançados no ar. Assim, a saúde do ambiente, e consequentemente dos seres que nele vivem, torna-se ameaçada. Quando esse processo é feito em demasia ou sem o devido controle as conseqüências passam a ser perigosas. O consumo habitual de água e alimentos - como peixes de água doce ou salgada - contaminados com metais pesados coloca em risco a saúde, passando a um problema social. As populações que moram em torno das fábricas de baterias artesanais, indústrias de cloro-soda que utilizam mercúrio, as indústrias navais, as siderúrgicas e metalúrgicas, entre outras, enfrentam um grau de exposição e potencialidade danosa obviamente maiores.
Entretanto, conforme Boniolo (2012), a aplicação de biomassa nos processos de adsorção apresenta baixo custo operacional e alta eficiência na capacidade de remoção dos poluentes. Trata-se de um material natural, praticamente sem custo, abundante e com capacidades adsortivas por metais e compostos orgânicos. Dessa forma, surge a possibilidade da utilização de produtos de descarte como um meio de descontaminação, podendo este ser utilizado sem maiores danos ambientais ou econômicos.
As vias de contaminação podem ser a inalação de fumos e poeiras (mais importante do ponto de vista ocupacional) e a ingestão. Apenas as formas organificadas do metal podem ser absorvidas via cutânea. O chumbo é bem absorvido por inalação e até 16% do chumbo ingerido por adultos pode ser absorvido. Em crianças, o percentual absorvido através da via digestiva é de 50%. Uma vez absorvido, o chumbo é distribuído para o sangue onde tem meia-vida de 37 dias, nos tecidos moles, sua meia-vida é de 40 dias e nos ossos, sua meia-vida é de 27 anos, constituindo estes o maior depósito corporal do metal armazenando 90 a 95% do chumbo presente no corpo (PAOLIELLO, 2001).
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Referências:
FELTRE, Ricardo; Fundamentos da Química, vol. Único, Ed. Moderna, São Paulo/SP – 1990.
BONIOLO, M. R.; YAMAURA, M.; MONTEIRO, R. A. Biomassa residual para a remoção de íons uranilo. Química Nova, v. 33, n. 3, p. 547 – 551, 2010.
PAOLIELLO, Monica Maria Bastos. Ecotoxicologia do chumbo e seus compostos/ Monica M. B. Paoliello, Alice A. M. Chasin. – Salvador: CRA, 2001.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/saude/vias-de-contaminacao-do-chumbo/