O timo é um órgão linfoide primário localizado na porção antero-superior da cavidade torácica, no mediastino, em frente ao coração e atrás do esterno. Sua principal função é a maturação funcional dos linfócitos T, mas também é o responsável pelo estabelecimento da tolerância aos autoantígenos.
O timo é composto por dois idênticos lóbulos envolvidos por uma cápsula de tecido conjuntivo denso não modelado. Cada lóbulo tem uma parte periférica, a zona cortical ou córtex, e uma parte central, a zona medular ou medula. No córtex, há uma grande quantidade de linfócitos T em proliferação e maturação. Ainda no córtex encontram-se células do estroma tímico como macrófagos, células dendríticas apresentadoras de antígenos e as células reticulares epiteliais. Na medula, estão os linfócitos T imunocompetentes, macrófagos, células dendríticas apresentadoras de antígenos e abundância de células reticulares epiteliais.
As células estromais são células de tecido conjuntivo que dão suporte à função das células do parênquima do órgão. O estroma tímico consiste de células epiteliais, macrófagos e células dendríticas derivadas da medula óssea além de fibroblastos e moléculas da matriz extracelular.
O timo acompanha o crescimento do indivíduo até a puberdade. Após este período, devido à presença dos hormônios sexuais, o timo começa a atrofiar e parte do timo é substituído por tecido adiposo. Apesar deste processo, o timo continua funcional na vida adulta, participando da maturação de células T. Mas é importante salientar que a regressão do timo não prejudica o sistema imune, visto como as células T de memória apresentam vida longa e se acumulam com a idade, a necessidade de gerar novas células T diminui a medida que o indivíduo envelhece.
Por sua vez, a ausência de timo, como ocorre na síndrome de DiGeorge na qual os indivíduos nascem sem timo, caracteriza-se um baixo número de células T maduras em circulação e nos tecidos linfóides periféricos e uma grave deficiência na imunidade mediada por células T.
Maturação das células T e autotolerância a antígenos próprios
Os precursores das células T, originados na medula óssea, migram para o timo, onde passam por diversos estágios de diferenciação para chegar a linfócitos T. Na etapa inicial da maturação ocorre a proliferação celular dos timócitos (células T imaturas) na região do córtex e expressão das moléculas de TCR, CD4 e CD8 na superfície celular. Neste processo, os timócitos começam a receber estímulos e, ainda no córtex, passam pelo processo de seleção positiva. Na seleção positiva os timócitos entram em contato com MHC (complexo de histocompatibilidade principal) próprios apresentados pelas células epiteliais do estroma tímico. Os timócitos cujo receptor TCR não apresentar afinidade pelo MHC próprio sofrem apoptose, pois é a interação com as moléculas MHC tipo I ou II que define a diferenciação do timócito em linfócito T CD8+ ou CD4+, respectivamente.
Assim sendo, os timócitos que expressam CD4 e CD8 migram do córtex para a medula tímica e passam pelo processo de seleção negativa. Na seleção negativa os timócitos entram em contato com células dendríticas e macrófagos que lhes apresentam antígenos próprios (autoantígenos). Os timócitos que interagem com muita afinidade com os autoantígenos sofrem apoptose, pois deveriam apresentar tolerância com seus próprios antígenos. Células T que reconhecem autoantígenos como moléculas estranhas podem dar origem a doenças autoimune. Ao final dos dois processos de seleção, as células que sobreviveram tornam-se linfócitos T maduros, prontos para deixarem o timo e exercerem suas funções.
Referências Bibiográficas:
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