A mobilidade é um dos fatores mais importantes que influenciam a qualidade de vida das pessoas. A mobilidade é o resultado da interação dos deslocamentos de pessoas e bens nas cidades. Atualmente a mobilidade nas grandes cidades tem causado o aumento da poluição por causa da emissão de gases do efeito estufa, congestionamentos, acidentes, ruídos, etc., caracterizando um ambiente caótico e desorganizado.
Nesse sentido, a bicicleta surge como uma solução viável para melhorar a mobilidade urbana nas cidades. O ciclismo utilitário é o ciclismo realizado para ir ao trabalho, escola, fazer compras, fazer serviços de entrega ou outros destinos, ou seja, nesse caso a bicicleta é utilizada como meio de transporte. Os ciclistas utilitários também podem usar a bicicleta para a realização de deslocamentos pendulares (entre uma cidade e outra), tendo como principais destinos o trabalho e a escola.
Usar a bicicleta como meio de transporte oferece inúmeros benefícios: melhora a saúde de quem pedala pela prática do exercício físico, economiza espaço urbano, diminui o número de veículos nas ruas, diminui conflitos de trânsito, contribui para a diminuição do consumo de energia e da poluição atmosférica, reduz os congestionamentos, estaciona facilmente, o custo é acessível, aumenta a mobilidade, vai de encontro às atuais demandas ecológicas, ambientais e sanitárias, entre outros.
A ONU elegeu a bicicleta como o transporte ecologicamente mais sustentável do planeta. Incluir a bicicleta nos deslocamentos urbanos é essencial para a implementação do conceito de mobilidade urbana sustentável, a qual é entendida como um conjunto de políticas de transporte e circulação que visam proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço urbano, priorizando os modos não motorizados e o transporte coletivo.
No Brasil, a bicicleta é utilizada principalmente nos pequenos centros urbanos. Nas grandes cidades a oferta de transporte coletivo (muitas vezes em condições precárias) é significativa e o tráfego de veículos é denso e agressivo, por isso nesses grandes centros urbanos as bicicletas estão presentes em maior número nas áreas periféricas. Entre os principais fatores que influenciam a não utilização da bicicleta como meio de transporte estão a falta de vias adequadas para ciclistas, a presença de barreiras físicas como túneis e viadutos, ausência de estacionamentos, o medo e a insegurança no trânsito.
Nesse sentido é possível notar que as autoridades locais podem influenciar estimulando ou desestimulando o ciclismo utilitário, investindo ou não em infraestrutura adequada. Para que esse tipo de ciclismo cresça são necessárias ações focadas no uso das bicicletas, que devem ser consideradas como elementos integrantes do planejamento de mobilidade urbana. É necessário que as autoridades invistam em um sistema cicloviário adequado, formado por elementos como ciclovias, ciclofaixas, vias compartilhadas, bicicletários e paraciclos.
Uma alternativa interessante para estimular e facilitar o uso da bicicleta como meio de transporte é a sua integração com outros meios de transporte, como o transporte público. Nesse caso um trecho do percurso é realizado de bicicleta e o outro trecho é feito no transporte público (trens, ônibus, metrôs, barcas, etc.). O sucesso desse tipo de sistema depende principalmente da existência de rotas cicláveis até os pontos de paradas dos transportes públicos, estacionamentos seguros para as bicicletas, possibilidade de transportar a bicicleta no transporte coletivo e presença de estações de aluguel de bicicletas.
O Brasil ocupa uma posição expressiva quanto à venda de bicicletas, porém possui pouco infraestrutura cicloviária adequada. Os investimentos no setor de trânsito e transportes ainda privilegiam os veículos motorizados, com foco na construção de mais ruas, avenidas e estacionamentos. Todavia, nos últimos anos muitas cidades brasileiras têm avançado no que diz respeito à infraestrutura cicloviária e incentivo ao uso das bicicletas. Cidades como Fortaleza (CE), Curitiba (PA), Rio Branco (AC), Brasília (DF), São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ) têm evoluído gradativamente nesse sentido e já apresentam extensas malhas cicloviárias.
Referências Bibliográficas:
Santos, C. H. F. Prática do ciclismo utilitário em Fortaleza, 2017. 118 f. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-graduação em Administração, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.
Cavallazzi, J. E. Mobilidade Urbana: livro digital; designer instrucional Lis Airê Fogolari. – Palhoça: UnisulVirtual, 2015.