Entre o final do século XIX e o início da Primeira Guerra Mundial ocorreram algumas mudanças como o aumento do número de pessoas alfabetizadas, melhores condições de vida e desenvolvimento tecnológico que possibilitaram o surgimento de novos pensamentos e estilos de vida. Nesse contexto, ocorreu a penetração dos meios de comunicação em massa com uma configuração cultural específica que difere das manifestações culturais anteriores.
A característica mais imediata que diferencia a cultura de massa do que era produzido anteriormente é o alcance que esta tem possibilitada pela sua difusão em larga escala através dos diferentes meios de comunicação. Atingindo um número de pessoas cada vez maior e como jamais havia ocorrido, as manifestações artísticas e culturais vão ganhando novos contornos constituindo a indústria cultural. Esta ideia está presente no livro de Marx Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969) intitulado “A indústria cultural: o esclarecimento como mistificação das massas” onde os autores fazem uma reflexão sobre a mercantilização de manifestações culturais e artísticas, isto é, o processo de transformação de bens culturais em mercadorias.
Adorno e Horkheimer eram membros da Escola de Frankfurt, um grupo de intelectuais alemães que tinham como uma das pautas de discussão a relação entre cultura e ideologia. Segundo os autores, através da noção de indústria cultural - e o seu papel articulador de organização e manutenção da sociedade - era possível se explicar questões como vulgarização cultural, exploração comercial e por consequência, ideologia da dominação. O próprio termo “indústria cultural” demonstra a ideia de que assim como as indústrias fabricam determinados produtos (móveis, sapatos, refrigerantes, etc.), a produção em massa de bens culturais estava visando o consumo em grande quantidade, geração de lucros e adesão ao sistema dominante.
A cultura de massa teria impacto na sociedade ao produzir uma homogeneização dos indivíduos. Esse comportamento ocorreria, pois, ao conseguirem atingir um número de pessoas muito maior, os meios de comunicação fazem a difusão de modelos planificados de cultura reproduzindo padrões homogêneos e não levando em consideração as diferentes possibilidades de configuração de gostos e identidades. O “público consumidor” é visto assim, como uma “massa” homogênea.
Haveria então um obstáculo ao desenvolvimento do espírito racional, pois nesse processo de transformação da arte e cultura em mercadoria – e, portanto, sujeito as leis comerciais de procura e demanda – os produtos comerciais ofertados são respostas da vontade imediata de um público cada vez mais passivo e desencorajado a procurar novas experiências, como na arte erudita e popular. Ele consome o que é ofertado e tem comportamento acrítico diante das demandas.
Utilizando como estratégia o uso de apelos visuais e estéticos, seria possível conduzir os “consumidores” dessa cultura a uma espécie de fuga da realidade em direção a um mundo fantasioso de lazer e diversão. Essa fuga da realidade é apontada como um elemento de alienação que faz com que o indivíduo aceite a exploração capitalista.
Walter Benjamin (1886-1940) ponderou que a indústria de massa era responsável por tornar a arte mais acessível a um maior numero de pessoas, não ficando mais restrita as classes sociais mais privilegiadas. Com a arte e a cultura chegando a um número maior de pessoas, haveria o desenvolvimento do conhecimento. Conclui-se, portanto que nesse processo descrito acima há, por um lado a massificação da cultura, mas por outro lado a ampliação do acesso aos bens culturais.
Bibliografia:
Tomazi, Nelson Dacio. Conecte – Sociologia para o Ensino Médio. Editora Saraiva
Tempos moderno, tempos de sociologia: ensino médio: volume único/ Helena Bomeny...[et al.]. – 4.ed. – São Paulo: Editora do Brasil, 2016; Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2016. (Série Brasil: ensino médio)