O excesso de informação caracteriza-se pela carga prejudicial da oferta de dados (texto, vídeo, som, imagem) na direção de uma pessoa por meio da internet. Considerado um mal da modernidade, o excesso de informação afeta principalmente a tomada de decisão das pessoas. Muitas vezes, acessamos o celular para resolver uma questão em particular, mas a partir de notificações, mensagens, spam, pop-ups que surgem na tela, nos vemos realizando automaticamente outras tarefas e esquecendo nosso propósito de início. Isso ocorre quando o sujeito se dá conta de que está perdido em meio à malha informacional e se pergunta: “mas o que era mesmo que eu ia fazer?”.
Com este impedimento voltado ao processo de tomada de decisão, o excesso de informação tem sido bastante combatido no século XXI. Segundo especialistas em tecnologia da informação, o exagero de dados pode ser considerado uma infodemia, ou seja, um fluxo enorme de dados que se espraia pela internet a respeito de um assunto, como ocorreu no início da pandemia da covid-19 em 2020.
Ao prejudicar decisões, o excesso de informação pode trazer a escolha por uma alternativa ruim ou mesmo nenhuma solução. Por isso, quando ocorre o planejamento de produtos online como aplicativos, sites, entre outros, os designers buscam uma interface leve, evitando a sobrecarga informacional que prejudica a experiência dos usuários. Em outro aspecto, esse excesso de informação em produtos virtuais parece fazer deste artifício a sua própria forma de receita. Por exemplo, aplicativos que obrigam o usuário a assistir vídeos longos ou clicar em links para receber determinado tipo de conteúdo exclusivo.
Bertram Gross, professor norte-americano de Ciência Política, alcunhou o termo excesso de informação, em 1964. Isso ocorreu a partir do seu trabalho intitulado “The Managing of Organizations”. Apesar de ser um processo que surge durante períodos de grande alteração do panorama socioeconômico, vide a Renascença e Revolução Industrial, o excesso de informação ficou evidenciado a partir da Era da Informação, quando vieram à tona dados que antes estavam disponíveis somente em materiais físicos como livros e enciclopédias. Assim, com informação de qualquer momento da história ao alcance de mais pessoas, o problema da sobrecarga de informações começou a ser identificado.
O excesso de informação leva a variados graus de estresse e já chegou a ser diagnosticado como “ansiedade da informação”. De acordo com a obra “Future Shock”, do designer gráfico norte-americano Richard Saul Wurman, a sobrecarga de dados tem início à medida que o número de informações tornou-se maior do que a sua capacidade de ser armazenado. A capacidade de tomar uma decisão – dependendo de sua importância – pode tornar a nossa capacidade cognitiva de escolha bastante limitada e, assim, as decisões podem ter a sua qualidade reduzida.
Causas do excesso de informação
Os motivos mais comuns que geram o excesso de informação ocasionado pelas novas tecnologias são:
- Volumes acelerados de dados e novas informações sendo criados de maneira constante, a partir de agências de notícias e de usuários via mídias sociais.
- Pressão mercadológica no intuito de competição pela audiência criada pelo excesso de informação, o que sobrepõe a quantidade sobre a qualidade em todos os setores.
- Crescimento exponencial dos meios de recebimento de dados como feed RSS, telefonia móvel, social media, e-mail, sites, impressos, televisão, rádio e mídia publicitária.
- Falta de metodologia qualitativa e quantitativa para que ocorra o processo de comparação e avaliação relacionado às fontes de informação.
- A democratização da informação, que por um lado facilitou o acesso aos dados e, por outro, trouxe à tona a potencialidade prejudicial dos dados sem credibilidade.
Bibliografia:
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
https://socesp.org.br/publico/qualidade-de-vida/psicologia/excesso-de-informacao-prejudica/