Movimento antivacina

Por Claudia de Carvalho Falci Bezerra

Mestre em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas (FIOCRUZ, 2011)
Graduada em Biologia (UGF-RJ, 1993)

Categorias: Saúde, Sociedade
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A vacinação da população é importante para que sejam eliminadas algumas doenças que podem virar uma pandemia, como a do Coronavírus. A vacina é uma preparação que quando introduzida no organismo desencadeia uma reação onde o sistema imunológico cria anticorpos para as doenças provocadas pelo agente da vacina. É uma forma ativa de imunização. A vacinação é uma das formas mais fáceis e de baixo custo para que muitas doenças sejam evitadas e erradicadas. De dois a três milhões de mortes por ano são evitadas. Se a cobertura vacinal fosse melhor ao redor do mundo, mais 1,5 milhões de mortes poderiam ser evitadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Quando há um grupo de indivíduos não vacinados, cria-se um grupo que pode contrair algumas doenças que podem atingir tanto o grupo que escolheu não tomar a vacina, como o grupo que por algum motivo não pode tomar a vacina, como por exemplo, quem ainda não tem a idade necessária ou aqueles indivíduos que tem alguma doença imunológica. Tomando por exemplo a pandemia do Coronavírus, se somente uma parte pequena da população tomar a vacina, não será atingida a imunidade de grupo (ou de rebanho), que acontece quando cerca de 70% da população tem anticorpos para determinada doença. Se isso acontecer, os efeitos da pandemia do Coronavírus serão sentidos por muito tempo.

Foto ilustrativa: Drazen Zigic / Shutterstock.com

O movimento antivacina é considerado um dos dez maiores riscos à saúde global, segundo um relatório da OMS divulgado em 2019. Esse movimento ameaça reverter todo o progresso alcançado no combate a doenças evitáveis por vacinação, como sarampo e poliomielite. Várias são as razões que levam as pessoas a não se vacinarem e não vacinarem seus filhos. Dentre elas pode-se destacar a falta de confiança nas vacinas e a dificuldade do acesso á elas. É um movimento que vem crescendo no Brasil e no mundo.

Esse movimento ganhou força em decorrência de uma publicação datada de 1998, onde um médico chamado Andrew Wakefield relacionou o aparecimento do espectro autista em crianças que tomaram a vacina tríplice viral (que previne caxumba, sarampo e rubéola). Foi sugerido que o sistema imunológico sofreu sobrecarga com a imunização. Tempos depois esse artigo foi contestado, pois se descobriu que o médico possuía contato com advogados que queriam contestar fabricantes de vacinas e que ele também havia alterado dados dos pacientes.

Os adeptos do movimento antivacina possuem vários argumentos para justificar a sua posição:

  1. A pessoa para ser vacinada deveria estar com o sistema imunológico “mais maduro”;
  2. As vacinas deveriam ser administradas uma de cada vez (sem aplicação de dose única para várias doenças);
  3. O tempo entre uma dose e outra deveria ser maior.

A justificativa do movimento é que a administração de doses combinadas ou simultâneas causaria uma suposta resposta imunológica.

Anteriormente, o movimento antivacina era formado por segmentos da população com maior poder aquisitivo, mas com a popularização das redes sociais, esse movimento atingiu as camadas mais populares da sociedade de uma forma mais direta, disseminando as suas ideias. Existem vários grupos nas redes sociais com esse objetivo que estão aumentando consideravelmente, disseminando informações falsas. Por conta dessas informações falsas, a cobertura vacinal no Brasil contra o sarampo diminuiu muito e já tem sido relatados casos da doença novamente.

A decisão de não vacinar mais os filhos pode parecer algo individual. Mas, na verdade, é uma questão de saúde pública, pois atingirá indiretamente várias outras pessoas.

Não se pode confiar em tudo o que é disseminado pelas redes sociais. Deve-se sempre procurar fontes confiáveis de informações como as informações disseminadas pelos órgãos governamentais, de pesquisa e profissionais que estudam o assunto.

Leia também:

Bibliografia:

Entenda o que é o movimento antivacina. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/atualidades/entenda-o-que-e-o-movimento-antivacina/ Acessado em 28/10/2020.

Movimento antivacina é uma das dez ameaças para a saúde mundial. Disponível em: https://www.sbmt.org.br/portal/anti-vaccine-movement-is-one-of-the-ten-threats-to-global-health/ Acessado em 28/10/2020.

O movimento antivacinas e o aumento dos casos de sarampo. Disponível em: https://pebmed.com.br/o-movimento-antivacinas-e-o-aumento-dos-casos-de-sarampo/ Acessado em 28/10/2020.

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